Sexta-feira 29 de Março de 2024

Pedro Pichardo a quatro centímetros da medalha no mundial de atletismo de Doha

Pedro Pichardo não teve nem arte nem engenho para conseguir chegar aos lugares do pódio, ficando apenas a quatro centímetros do bronze com um salto a 17,62, tendo perdido uma grande oportunidade para conquistar a sua primeira medalha para Portugal, que era o objectivo principal.

Ainda assim, esteve bem mas “faltou-lhe” um pouco de “chama” – apesar do calor que se fazia sentir no estádio – para ultrapassar Hugues Zango (Burundi), que fez 17,66.

O triunfo foi obtido pelo norte-americano Christian Taylor (17,92), à frente do compatriota Will Claye (17,74).

Neste domingo, Ana Cabecinha obteve um excelente 9º lugar (dentro da categoria dos meio finalistas, que garante um maior apoio) nos 20 km marcha, terminando com 1.36.31, algo longe do registo pessoal (1.27.46) mas garantindo uma óptima posição.

Tal como João Vieira, Ana também marchou de trás para a frente, passando em 26ª (24.05) nos primeiros cinco quilómetros, deu um enorme salto para 13ª aos 10 km (48.05), subiu para 12ª aos 15 km (1.12.16) e chegou à 9ª posição com 1.36.31 de grande relevo.

Nesta segunda-feira, apenas Cátia Azevedo estará na pista, no que se refere aos atletas portugueses, participando nas eliminatórias dos 400 metros, onde se apresenta com o recorde nacional de 51,62.

Entretanto, vale a pena recordar que, ao segundo dia do mundial de atletismo, Portugal atingiu um patamar nunca alcançado em nenhuma das edições da competição, face ao êxito assinalável alcançado pelo marchador João Vieira que, de uma só vez, tornou-se no primeiro atleta, em todo o mundo, que esteve em mais mundiais (11), ao mesmo tempo que também entrou para a história dos “mais antigos” participantes que conquistaram uma medalha de prata.

Tanta coisa para um país tão pequenino mas tão cheio de alma e garra que continua a mostrar ao mundo como se alcançam medalhas aos 43 anos, como foi a meta alcançada por João Vieira.

Pena foi que Inês Henriques não tivesse tido a mesma sorte (que dá muito trabalho), o que não se verificou apenas por uma questão táctica: é que enquanto João Vieira começou de trás para a frente, Inês começou ao contrário, ao andar sempre na frente até aos 35 km e, depois, foi a …desistência.

O vencedor foi o japonês Yusuke Susuki, com 4.04.20, no que foi o primeiro atleta nipónico a conquistar o ouro nesta prova do programa mundial e olímpico, enquanto o canadiano Evans Dunfee (4.05.02).

O forte calor que se fez sentir no início da noite de sexta-feira e madrugada de sábado prejudicou todos os atletas e todas as atletas – face aos resultados finais terem ficado algo longe do que seria normal noutras paragens do globo – mas caso Inês tivesse feito a mesma coisa talvez pudesse ter cantado outro galo para a grande “guerreira” que é a atleta de Rio Maior.

Mas são coisas do desporto e resultados só no final, se bem que se deva relevar a proeza cometida por Vieira e o esforço de Inês porque, um e outro, até mereciam mais ou muito mais.

Basta ver, ainda, que de 21º aos 5 km, Vieira subiu até ao 2º lugar no final da prova, ficando apenas a 39 segundos da medalha de ouro! Extraordinário.

Fica, para a história, a prova de Vieira de 5 em 5 km:

5 km – 21º lugar – 25.21;

10 lm – 16º – 50.30;

15 km – 15º – 1.15.45;

20 km – 13º – 1.40.49;

25 km – 13º – 2.05.32;

30 km – 7º – 2.29.53;

35 km – 4º – 2.53.53;

40 km – 3º – 3.17.54;

45 km – 3º – 3.41.45;

50 km – 2º – 4.04.59

Quanto a Inês, que começou mais forte, como se referiu, passou aos 5 km em 27.57 (4ª); aos 10 km em 55.18 (2ª); aos 15 km em 1.22.14 (3ª); aos 20 km em 1.48.51 (2ª) e aos 25 km em 2.15.44 (4ª), aqui a 40 segundos da líder da prova na altura, a chinesa Rui Liang, que comandou a prova desde o tiro de partida e até final, ganhando com 4.23.26.

Aos 30 km em 2.43.14 (a 2.49); aos 35 em 3.12.26, já a seis minutos e onze segundos, diferença que tendia a aumentar e que levou a atleta a desfalecer, ser assistida no centro médico da competição e a desistir, até porque nas “últimas” no que se referia ao oxigénio.

Relevo ainda para o 15º lugar (entre as 24 que tomaram parte) obtido por Mara Ribeiro, com 4.58.44 (a cerca de meia hora do seu recorde pessoal de 4.27.14).

Para Vieira e Inês o dilema continua, no que se refere aos Jogos Olímpicos de Tóquio’2020.

Para o primeiro, já com mínimos, saber como aguentar a “carga” ao longo da próxima época, atendendo a que a competição terá lugar até meados de Agosto e não no final de Setembro, como agora.

Para a segunda, a grande dúvida que paira é se haverá 50 km em Tóquio. Se houver, há que limar algumas “arestas”, no antes (treino) e na prova, para evitar o “sobreaquecimento” deste ano.

Aguardemos que um e outro consigam estar em Tóquio’2020.

 

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