Sexta-feira 26 de Abril de 2024

Três medalhas de ouro para Portugal num mesmo campeonato, um feito inédito das equipas lusas em grandes competições

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Portugal conseguiu, no Campeonato da Europa de Pista Coberta, que este domingo se concluiu na Arena de Torun (Polónia), conquistar três medalhas de ouro numa mesma competição deste nível internacional, o que é inédito na história do atletismo português.

Um domingo – 7 de Março de 2021 – que fica registado a ouro também para o desporto nacional, porquanto este triplo êxito dourado nunca se verificou em nenhuma outra competição internacional em qualquer modalidade, o que, sendo deslumbrante – mais a mais por ser num ano em que a pandemia continua a fazer “estragos” em todo o mundo – demonstra também a garra dos 16 atletas portugueses envolvidos, no que foi a segunda maior comitiva a um europeu indoor.

Neste domingo, os atletas do triplo salto estiveram no mais alto plano possível – bandeira nacional do mastro mais alto do pódio – com as actuações, primeiro, de Pedro Pablo Pichardo e, depois, de Patrícia Mamona, que fizeram jus a um extraordinário dia nas suas vidas (e dos portugueses também), ao alcançarem as medalhas de ouro, depois de alguns “tremeliques” provocados pelas constantes alterações nos resultados, o que provocaram, em especial, em Patrícia, uma descarga emocional no final da prova, que a levou a chorar a bem chorar, estendida na pista, antes da volta para consagrar a bandeira lusa.

Atl-EuropeuPistaCoberta-Mamona-07-03-2021Começando por Patrícia, iniciou a caminhada para o ouro ao abrir com 14,35, subiu a parada para os 14,38 e saltou para os 14,53 que vieram a comprovar a sua categoria, ao bater o recorde de Portugal (mais dez centímetros que o anterior), com que fechou a primeira fase dos saltos.

Na segunda parte, o perigo aproximou-se, primeiro por parte da alemã Neele Eckhardt, que chegou aos 14,52 (apenas a um centímetro) ainda no terceiro ensaio, o mesmo sucedendo com a espanhola Ana Peleteiro, também a fazer 14,52 (5º ensaio), depois de Patrícia ter feito um nulo, chegar aos 14,29, ainda que, sendo a última a saltar, teria sempre a vantagem de poder resolver a contenda.

No entanto, com esta situação à entrada para o último ensaio, a pressão foi crescendo no “interior” da campeã portuguesa (que ainda tentou disfarçar), o que foi sendo atenuada apenas porque as duas referidas atletas não conseguiram aproximar-se, pelo que sendo a última a saltar até podia falhar, como aconteceu.

Mamona (32 anos), alcançou a quarta medalha em cinco presenças no europeu de pista coberta, tendo começado com um 8º lugar em 2013, foi 5ª em 2015, vice-campeã em 2017 e 4ª em 2019.

AO site da Federação Portuguesa de Atletismo salientou que “sinto-me muito satisfeita com este título. Devido a muitas situações, cheguei a equacionar nem fazer pista coberta, só estava a pensar no ar livre. Houve uma fase em que senti que tinha de provar alguma coisa! E comecei a concentrar-me nisso, que tinha de provar a mim própria, apesar de tudo o que fiz, tenho a certeza de que ainda posso fazer mais”, tendo acrescentado que “foi um concurso muito bom. Consegui estar na luta, na liderança, fui vendo elas fazerem os seus saltos, mas confesso que nem queria saber o que faziam. Só estava a saltar para ser melhor”!

Completou por referir que “felizmente, a competição sorriu para mim! Tenho que agradecer especialmente ao meu treinador (José Uva), porque ele esteve sempre lá, a acreditar em mim, nas minhas capacidades, bem como a algumas pessoas que me conhecem bem e sabem da história toda, que me apoiam a cem por cento”.

Atl-EuropeuPistaCoberta-Pichardo-07-03-2021Neste domingo, da parte da manhã, Pedro Pablo Picharro tinha também conquistado a medalha de ouro na prova masculina, ao saltar 17,30 logo no primeiro ensaio, o que terá “desconcertado” a concorrência, completando a prova com mais três ensaios válidos (17,09, 17.06 e 17,12), todos também superiores aos concorrentes mais directos, como foram os casos do também antigo cubano naturalizado pelo Azerbaijão, Alexis Coppello, que não passou dos 17,04 e do alemão Max Heb, que chegou aos 17,01, resultados alcançados no último ensaio.

Neste “passeio”, Pichardo confirmou a categoria (e fama) que tem e levou Portugal a içar, pela terceira vez, a bandeira portuguesa no mastro mais alto do pódio, reforçando um extraordinário segundo lugar de Portugal na classificação colectiva, o que também nunca antes se tinha verificado.

Ao site da FPA, Pichardo salientou que “o primeiro salto não foi bom. Há sempre erros e naquele salto eu fiz vários erros, por isso não parecia muito feliz com isso, apesar de ter sido o suficiente para conseguir a vitória, que era o meu objectivo”, acrescentando que “queria fazer um salto bem maior, ainda que bater o recorde nacional não é realmente um grande objectivo, porque hoje existem outros saltadores que estão a saltar muito mais longe do que isso”.

Recorde-se que na primeira presença por Portugal, em Mundiais ao ar livre (Doha), ficou em quarto lugar tendo agora referido que “depois de perder uma medalha em Doha, ganhar o ouro aqui significou muito, principalmente porque é uma forma de mostrar o reconhecimento pelo que Portugal fez por mim, de me dar a oportunidade de continuar a fazer o que quero, pelo que estou muito grato por isso”.

Acrescentou ainda que “agora é hora de encarar o futuro, preparar-me para os Jogos Olímpicos, que será o grande objectivo de todos”, confirmando que a Diamond League fará parte do seu caminho para Tóquio e mostrando-se “muito contente por o triplo-salto estar de volta ao programa principal dos maiores meetings do Mundo, especialmente porque eu já vencei a Diamond League uma vez e esse foi um dos grandes momentos da minha carreira”.

Neste último dia dos europeus, a estreante Rosalina Santos, quarta classificada na quarta série, com 6,38 segundos, passou automaticamente para a meia-final, onde terminou em 8º, com a mesma marca da qualificação.

Sem acesso à meia-final ficou Lorene Bazolo, sétima classificada na primeira série de cinco, com a marca de 7,40 segundos.

Na classificação colectiva, Portugal ocupou a segunda posição com as três medalhas de ouro conquistadas, atrás da Holanda, com um total de sete medalhas (4 de ouro, uma de prata e duas de bronze), tendo a Grã-Bretanha ocupado a terceira posição, com um total de 12 (2-4-6), seguindo-se Bélgica, com 5 (2-2-1), França, com 4 (2-2-0), entre os vinte países que conquistaram medalhas, de entre os 47 que tomaram parte (a Rússia esteve ausente porque suspensa por motivos de doping) e que apresentaram 733 atletas (405 masculinos e 328 femininos).

Uma referência ainda para o jovem Dorian Keletela (atleta que representou a equipa dos Refugiados, mas cuja preparação foi feita em Portugal, como país de acolhimento) que não foi além do 8º e último lugar na eliminatória dos 60 metros, com o tempo de 6,91, não tendo sido apurado.

Com estas três (recorde-se que só em 1996 é que Portugal tinha conseguido duas medalhas de ouro, por parte de Carla Sacramento, nos 1.500 metros, e Fernanda Ribeiro, nos 5.000 metros), Portugal passou a somar 29 medalhas (15 das quais de ouro) na história dos campeonatos europeus de pista coberta (este ano na 25ª presença das 36 edições concretizadas), o que é um feito de alto nível de persistência e, neste ano, de resiliência!

Na página oficial da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, emitiu uma mensagem de felicitação aos “três atletas portugueses que se sagraram campeões da Europa em Pista Coberta no campeonato que decorreu em Torun, na Polónia”, felicitando ainda “todos os atletas que representaram Portugal”, deixou também uma “palavra especial de reconhecimento aos treinadores, às estruturas técnicas, às famílias dos atletas, aos clubes e à Federação Portuguesa de Atletismo, que são uma parte menos visível, mas muito importante para os resultados alcançados”.

Para além do Presidente da República, também António Costa, Primeiro-ministro do Governo

Português, bem como João Paulo Rebelo, Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, expressaram mensagens de felicitação à comitiva portuguesa.

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