Num comunicado publicado, esta terça-feira, no site do Sport Lisboa e Benfica, a Direcção do clube da águia ao peito deu publico conhecimento de que “equipas seniores masculina e feminina de atletismo não marcarão presença no Campeonato Nacional em Pista Coberta. Isto porque a saúde tem de estar primeiro e ser a prioridade máxima para todos os intervenientes e envolvidos numa organização desta dimensão”.
Depois de, no mesmo documento, se ter congratulado com o desempenho dos atletas portugueses no europeu de pista coberta, onde Portugal conquistou três medalhas de ouro na competição, por parte de Auriol Dongmo, Patrícia Mamona e Pedro Pablo Pichardo, este do clube da Luz – o que é inédito em toda a história da modalidade – a Direcção benfiquista adiantou que “viver o atletismo, promover a modalidade e manter inatacável a ambição de vencer não se pode resumir a entrar numa pista e dar o melhor”.
Acrescentou ainda, que “num momento em que Portugal ainda está debaixo das contingências de um confinamento que todos devem respeitar e, em simultâneo, contribuir com boas práticas que minimizem possíveis contágios e novo descontrolo da pandemia, várias tentativas de contacto, e por diversas vias, foram feitas pelo Clube ao longo das últimas semanas, no sentido de perceber junto da Federação Portuguesa de Atletismo que medidas de segurança vigorariam nesta importante competição”.
Continuando a citar o comunicado, refere-se depois que “as respostas às preocupações – de todos, queremos acreditar, porque é a credibilidade da modalidade e a verdade desportiva que também estão em causa – foram escassas e completamente inconclusivas, o que levou a Direcção do SL Benfica a esta decisão”, considerando que “continuamos sem saber que medidas sanitárias existirão para todos os envolvidos; haverá testagem, por exemplo?”
Refere-se também que “continua a não estar claro em que moldes se desenrolará a competição”, sendo que “ontem – por pressão da Câmara Municipal de Pombal – terá sido decidido dividir a prova em duas pistas e não colocar toda a pressão na população de Pombal”.
Fora do tema, o comunicado salientou ainda que “também a data para este Campeonato Nacional é completamente desajustada – logo após um Europeu – e não terá tido a devida reflexão por parte da FPA”.
Regressando ao tema das dúvidas suscitadas quanto à testagem, a Direcção do Benfica adiantou ainda que “ninguém está imune a esta pandemia, mas o SL Benfica tem dirigido todos os esforços para fazer a sua parte, testando com regularidade os atletas e equipas nas diversas modalidades. É este o foco, através do Human Performance Department (HPD), em coordenação com as normas da Direção-Geral da Saúde, desde Março de 2020”.
“Com a máxima ambição”, refere ainda o documento “o Benfica gostaria de voltar a estar em pista. Mas o risco não pode justificar os objectivos sócio desportivos. Noutros países, as provas nacionais têm decorrido, mas sempre com testes, tal como, aliás, sucedeu neste Europeu de pista coberta, em Torun (Polónia) ”.
A finalizar, a Direcção do Benfica referiu ainda que “nas competições desportivas – e um Campeonato Nacional deve ser máximo exemplo – a Direcção do SL Benfica, em consonância com o parecer do HPD do Clube, entende que as melhores práticas devem ser seguidas, porque é a saúde pública que está em causa. Infelizmente, não nos parece realista acreditar que se criem e apliquem normas sanitárias eficazes e rigorosas em tempo útil para todos os competidores, a poucos dias da data definida”.
Federação justifica não testagem por ser modalidade de baixo risco, de acordo com a DGS
Ao longo desta terça-feira, a Federação Portuguesa de Atletismo analisou o assunto respondeu ao Sporting Lisboa e Benfica que “a Orientação 036/2020, da Direcção Geral de Saúde, relativa a “Desporto e Competições Desportivas”, estabelece a modalidade de Atletismo como “Modalidade de baixo risco” incluída no quadro de modalidades desportivas individuais sem contacto físico.
O quadro seguinte foi retirado do documento orientador da DGS anteriormente citado”.
Prosseguindo, a FPA referiu que “a leitura deste quadro é clara no que respeita à não‐obrigatoriedade de testagem nas modalidades consideradas de baixo risco. Apesar da realização de testes não ser obrigatória, por iniciativa da Federação Portuguesa de Atletismo e sempre que se considerou justificável, foram realizados testes PCR e várias dezenas de testes rápidos a atletas e treinadores. Relativamente a competições, as provas de pista coberta iniciaram‐se no mês de Dezembro, com participação dos melhores atletas nacionais, entre os quais, também do Sport Lisboa e Benfica (SLB)”.
Depois de salientar que, pelo atrás apontado, a FPA nunca realizou testes de despistagem nas competições nacionais, tendo replicado que “as inscrições nas competições são efectuadas exclusivamente pelos clubes e que, até hoje, a secção de atletismo do SLB não condicionou a participação dos seus atletas, em diferentes competições nacionais, à realização de testes ao Covid‐19 por parte da FPA”.
Quanto à questão da divisão dos atletas por duas pistas, a FPA salientou que “a divisão das disciplinas por dois locais (Expocentro em Pombal e CAR no Jamor) é realizada por indicação das autoridades locais, por se considerar que é necessário reduzir o número de pessoas na cidade de Pombal, apesar de estar assegurado o cumprimento rigoroso do Plano de Contingência da instalação, plano que permite a participação de, no máximo, 8 atletas em simultâneo em cada prova e o máximo de 25 atletas no interior da instalação”.
Reforçando o cumprimento das regras, a FPA referiu também que “as várias provas de preparação e campeonatos nacionais realizados nas instalações cobertas disponíveis em Portugal, e nas quais participaram muitos atletas do SLB, cumpriram sempre os planos de contingência, não existindo nenhum caso de infecção por Covid‐19 que esteja associado a qualquer competição realizada no nosso país”.
Concluindo, a FPA, “perante estes factos e estas garantias de segurança, apelamos à Direcção do Sport Lisboa e Benfica que reconsidere a decisão tomada. O valor competitivo dos nossos campeonatos e o contributo destes para o progresso dos atletas, depende da participação de todos e, em especial, das melhores equipas”.
