Quarta-feira 19 de Abril de 3178

Congresso Nacional do Desporto: Valeu a Pena!

CDP-CongressoDesporto-29-04-2022Ainda que termine no final da tarde deste sábado, pode afirmar-se que, no que se refere ao Congresso Nacional do Desporto que a Confederação do Desporto de Portugal está a promover no Fórum Roma (Lisboa), Valeu a Pena!

Parafraseando o título do fado que o Mestre Moniz Pereira escreveu e musicou em homenagem à família, por tudo aquilo que não deu à própria prole, a favor da vida de técnico de atletismo, a última parte dos debates em apreço neste primeiro dia dão o mote para que Valeu a Pena estar atento a Pedro Roque e a Jorge Vieira na apresentação em cujo tema (“Mais Talento, Mais Elite, Mais Medalhas) se insere a vida e obra do Homem que bem podia ter sido nomeado – com alta nota – o Desportista do Século XX em Portugal.

Como poucos, quiçá o único no desporto nacional, Moniz Pereira foi, segundo Jorge Vieira, “o visionário que identificou o caminho a seguir para Portugal rumar até ao primeiro grau do pódio olímpico no atletismo”, com o objectivo que levou 39 anos a concretizar na personalidade de Carlos Lopes quando, em 1984, viu a bandeira portuguesa subir ao mais alto mastro do pódio olímpico.

Moniz Pereira foi, na dobragem dos anos setenta para os anos oitenta, quem “sempre acreditou que era possível singrar em termos internacionais, se dessem aos atletas portugueses as mesmas condições, porquanto seriam tão bons ou melhores que os outros”, lembrou ainda Jorge Vieira, recordando-se que a Federação Portuguesa de Atletismo está a comemorar o seu Centenário de vida.

E a “receita” era simplesmente “aumentar o volume de treino”.

Lembrou ainda que, em 1964, Moniz Pereira propôs, no plano de preparação para os Jogos Olímpicos de 1964, um conjunto de items, onde se integravam, entre outros, o trabalho psicológico com os atletas, programa que tinha um custo da ordem dos 150 mil escudos, na altura, idéia que não passou do papel porque não houve financiamento.

Mais tarde, em 1 de Agosto de 1975, Moniz Pereira voltou à carga e apresentou ao Prof. Melo Carvalho, então Director-Geral dos Desportos, um novo projecto, desta vez com vista aos Jogos Olímpicos de Montreal, cujas duas notas especiais diziam respeito a um pedido de dispensa do trabalho dos atletas seleccionados e a um orçamento de 602 mil escudos.

E este programa foi aprovado.

Daí os atletas terem sido dispensados das empresas onde estavam empregados (e de onde recebiam os seus vencimentos enquanto colaboradores), ao mesmo tempo que os atletas foram integrados em funções profissionais que não as que estavam antes, para daí advir um melhoramento de vida.

Menos de um ano depois (Março de 1976), Carlos Lopes sagrou-se campeão mundial de corta-mato.

O que era uma visão de Moniz Pereira, começou a ser uma realidade em poucos meses. Daí para a frente foi tornar Portugal como uma potência de primeira linha do atletismo mundial, como se provou no consulado (longo) em que Carlos Lopes, Rosa Mota e Fernanda Ribeiro se consagraram como campeãs e campeão olímpico.

Tema que se integrou naquilo que Pedro Roque (Director Técnico do Comité Olímpico de Portugal) aludiu na sua alocução, que visou a conquista das medalhas pelos atletas portugueses, a correlação com outros países similares (população), sustentadas nas estatísticas validadas, referindo-se com naturalidade que é preciso aumentar o financiamento para poder haver mais e melhores atletas de elite.

Com talentos bem trabalhados para se olhar o futuro de forma serena em função da confirmação que, em Tóquio (últimos Jogos Olímpicos), quando Portugal conquistou o maior número de medalhas, de finalistas e meio-finalistas da história do desporto nacional, superiorizando-se a Espanha, o que não deixa de ser um factor motivador em função de duas realidades completamente diferentes.

Mas estes foram apenas dois pontos de um conjunto de outros que foram debatidos ao longo da tarde desta sexta-feira, relevando-se ainda a questão do Desporto Infanto-Juvenil, onde o catedrático (Universidade de Coimbra) Manuel João Coelho e Silva e Pedro Sequeira (presidente da Confederação de treinadores de Portugal) debateram, com propriedade, este também factor de grande impacte na vida desportiva em Portugal.

Tudo somado, a que se acrescentarão os debates deste sábado – e recordando Moniz Pereira – Valeu a Pena!

 

Artur Madeira

 

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