Sexta-feira 03 de Maio de 2024

Victor Ricardo Santos o herói inicial

Victor Ricardo Santos

Filipe Oliveira / FPA – AD

Europeu de Zurique

Um jovem de 19 anos (fará 20 no dia 18 de Dezembro deste ano), de nome Victor Ricardo Santos, acabou por seu o herói português no primeiro dia dos europeus que esta terça-feira começaram em Zurique.

Victor esteve ao mais alto nível nas eliminatórias dos 400 metros, onde foi 11º entre 40 participantes, apurou-se para a meia e, melhor ainda, bateu o recorde de Portugal (que pertencia a Carlos Silva) com o belo crono de 45,81, retirando nada menos do que 30 centésimos aos anteriores 46,11 obtidos em 22 de Maio de 1996.

Não é impossível mas será difícil que este jovem – que vive nos Estados Unidos – chegue à final, se bem que tenha tido a sorte (em termos de poder melhorar o recorde agora obtido) de ficar na segunda meia-final onde tem o 7º tempo dos oito participantes.

O “grave” está no facto de, para conseguir estar na final, terá de ser segundo ou ficar à espera pelos dois melhores tempos, para se juntar aos oito finalistas, já que, de forma directa, só se apuraram os dois primeiros de cada uma das três meias-finais.

Sendo conhecido apenas este ano, Victor tem deito uma progressão assinalável e já obteve sete das 10 melhores marcas do ano no ranking português. Começou por 47,81 e 47,37 na pista coberta, seguiram-se 47,02 – 46,68 – 46,66 – 46,41 – 46,34 e, esta terça-feira, os extraordinários 45,81. Com 19 anos, viva o luxo. Que saiba perceber os efeitos desta marca é o que, por agora, se torna mais importante para não embandeirar em arco.

Outra boa surpresa verificou-se nos 100 metros onde, Yazaldes Nascimento, confirmou as suas credenciais a 10,27 (recorde pessoal de 10,25 já este ano) e ficou num 7º lugar (entre 37 participantes) tendo carimbado o passaporte para as meias-finais, esta quarta-feira da parte da tarde.

Como também se pode dizer que o apuramento de Nélson Évora para a final do triplo-salto foi um resultado positivo, embora com uma marca (16,82) abaixo do seu melhor desta época (16,89), tendo feito apenas dois ensaios, porquanto o apuramento fez-se aos 16,60.

Apuramento que era o mais importante e porque a “nata” dos triplistas presentes não forçou muito a nota “artística”, isto porque ficou a cinco centímetros do primeiro e a um do segundo. Acontecerá o mesmo na final? A grande dúvida. Esperamos que Évora se aguente no balanço final.

A grande desilusão do dia, se assim se pode considerar – em termos mediáticos isso terá bulido muito com Dulce Félix, porquanto era capa da página (internet) da Associação Europeia, onde era apontada como a primeira mulher a poder conquistar dois títulos consecutivos nos 10.000 metros. Isso era verdade mas não terá aumentado a pressão junto da atleta? Pode ser uma desculpa para o menos bom resultado, extensivo a Sara Moreira e Carla Salomé Rocha, que não souberam gerir a vantagem de serem três atletas com objectivos concretos e diferentes.

Numa corrida eminentemente táctica – como se esperava – a prova foi lenta, com as portuguesas bem inseridas no grupo das mais favoritas, o que poderia ser favorável a Dulce Félix. Mas percebeu-se que a vida calma dos primeiros oito quilómetros não duraria sempre e, se o ritmo aumentasse, a primazia seria para Sara Moreira.

Só que, nem uma nem outra conseguiram “desembrulhar” o nó com que iniciaram a prova, isto é, sem estratégia especifica, quiçá pensando mais pelo umbigo do que peça cabeça. Com três atletas, das quais apenas duas teriam hipóteses de chegar às medalhas – em face do lento andamento – Carla Salomé Rocha podia ser servido para “partir a loiça” e dar mais “corda” a corrida. Presume-se que ninguém terá pensado nisso.

Erros que se repetiram por volta dos 9 km, quando Sara Moreira passa a liderar e aumenta o ritmo, tendo “pago” a factura logo a seguir. E acabou por chegar no quinto lugar (32.30,12), bem longe dos 32.01,42, que tinha como mínimo.

Dulce Félix concluiu no 12º lugar (32.35,90) e Carla Salomé Rocha em 16º (33.05,49), que ficaram numa posição de meio-finalistas o que, sendo positivo, não se sabe se os resultados (técnicos que não classificativos) obtidos justificam integrar algum patamar de alta competição.

Como se esperava, Marco Fortes não teve tarefa fácil para ganhar o lugar na final (uns “modestos” 20,03 e à terceira tentativa), o que deu para perceber que, na última ronda mais a sério, não iria subir muito mais a marca. E assim foi. Não passou de modestos 20,35 e acabou na 7ª posição.

A pior classificação, dir-se-á de sempre, foi (a não) conseguida pelas saltadoras com vara, que alcançaram resultados praticamente impensáveis e que ocuparam as posições quase do fundo da tabela das 29 participantes.

Carla Tavares também não esteve ao seu nível, conseguindo 11,78 nos 100 metros e sendo 32ª entre 37 participantes.

A prova de Alberto Paulo foi praticamente idêntica aos varistas, porquanto foi 24º (8.47,18 nos 3.000 obstáculos) entre os 28 presentes, bem longe do recorde pessoal de 8.22,41 mas perto dos 8.46,24 que garantiram a presença no europeu.

Cátia Azevedo não acrescentou nada nos 400 metros, onde conseguiu 52,87, a poucas centésimas do recorde pessoal de 52,61, tendo sido 18ª entre as 29 participantes.

Nos 100 metros masculinos, Diogo Antunes também nada “sugou”, porquanto foi apenas 32º (entre os 37 que correram) com o tempo de 10,61, para quem partiu para Zurique com um bom crono de 10,38.

O mesmo se passou com outro estreante, Sandy Martins, que foi 26º entre 34 nos 800 metros, com 1.49,51, quase dois segundos mais do que o registo pessoal do ano (1.47,74). E cometeu alguns erros no decorrer da prova, sendo o maior pecado o de tentar fazer ultrapassagens por dentro da corda.

Findo este primeiro dia do europeu, nesta quarta-feira vão ser sete os que irão estar em actividade.

Começam os marchadores João e Sérgio Vieira nos 20 km marcha (08h20), seguindo-se Vera Barbosa nos 400 metros-barreiras (09h55), que vê chegar (10h40) João Almeida para os 110 metros barreiras.

Da parte da tarde, Patrícia Mamona, uma das melhores do ranking europeu deste ano, surge como uma das favoritas para o pódio pelo que, se mantiver a cadência dos momentos anteriores pode lá chegar (17h30) e tentar passar à final. Recordista nacional com 14,52 chegou este ano aos 14,36.

Susana Costa também estará no triplo, com os 14,19 de recorde pessoal e os 14,11 da presente temporada. Para fazer o quê? Tal como os outros, tentar chegar mais à frente é o caminho.

Por último, em relação aos portugueses, pelas 17h45, a nova “coqueluche” do atletismo nacional (Victor Ricardo Santos) volta a “desfilar”, agora na meia-final dos 400 metros, restando saber se o recorde ora fixado (45,81) chega para alguma coisa, diga-se, apuramento para a final. Recuperará esta tarde esse belo feito (e efeito) alcançado na eliminatória?

Vamos acreditar que sim.

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