Quarta-feira 14 de Fevereiro de 3449

Heróis do Mar nos quartos de final com vista para as … meias-finais do mundial de Andebol

Portugal vs Chile

Sasa Pahic Szabo / kolektiff / FAP

“Por mares nunca dantes navegados…” assim é descrito por Luís de Camões n’Os Lusíadas e o paralelismo com a história dos Heróis do Mar é evidente. Por justiça própria, que demonstraram em campo que temos jogadores que podem ombrear com os melhores e chegar à superação, como se recorda!

Portugal conquistou, pela primeira vez, um lugar no top-8 do Mundial de Andebol’2025 ao terminar o Main Round III  na primeira posição – após uma vitória incontornável frente ao Chile – e com um registo invicto até então.

Os comandados de Paulo Pereira procuram uma vaga inédita nas meias finais frente à Alemanha, esta quarta-feira, no sétimo jogo de Portugal em solo nórdico, com transmissão em direto na RTP2 (19h30).

Mas o conjunto luso não quer ficar por aqui e última os preparativos para o embate desta quarta-feira, frente à poderosa seleção da Alemanha, orientada por Alfreð Gíslason, que assume o comando técnico dos alemães desde 2020, em duelo que promete ser de cortar a respiração na Unity Arena, em Oslo.

A Alemanha chega a este encontro após três vitórias no Grupo A – frente à Polónia, Suíça e Chéquia – mas no Main Round I acabou por sofrer uma derrota frente à super-potência Dinamarca (40-30) triunfando, posteriormente, nos embates com Itália e Tunísia. Os germânicos terminaram por 10 ocasiões no top-4 de Campeonatos do Mundo, mas nesta edição só há espaço para um: o inédito para Portugal ou o 11º para a Alemanha.

Rui Silva, capitão dos Heróis do Mar, pensador de jogo na posição de central, assume desde 2020 o comando dentro de campo de Portugal nas grandes competições, somando 145 internacionalizações. A experiência, aliada ao talento, torna-o um jogador especial.

Portugal vs Chile 123

Sasa Pahic Szabo / kolektiff / FAP

Para Rui Silva, “vejo como um grande percurso. Estes jogadores, desde que cheguei aqui, todo o trabalho que fizeram… depois desta evolução toda que conseguimos ter, estamos a fazer ainda melhor do que aquilo que fizemos no passado. Vejo como um trajeto muito bom, muito positivo e acredito que ainda há muito para fazer. O que mudou foi a mentalidade, sobretudo devido ao trabalho que os atletas foram fazendo nos clubes, ao trabalho que a Federação de Andebol de Portugal, principalmente com o professor Paulo Pereira, desenvolveu desde que chegou à Seleção Nacional e isso tudo junto fez com que conseguíssemos ter resultados muito positivos. Toda essa experiência que fomos adquirindo, a qualidade que os atletas mais novos também trouxeram, faz com que isso tudo junto contribua para os feitos de Portugal nos últimos anos.”

O primeiro duelo de que há memória foi referente à qualificação para o Campeonato do Mundo, em 1996, e foi positivo para os lusos, que triunfaram por 21-19, acabando, no entanto, por perder no jogo fora de portas por 31-28. Desde então, os resultados foram sempre negativos para Portugal: em 2003, no Campeonato do Mundo e ainda em 2017, nos Qualifiers do Men’s EHF Euro 2018. No último frente a frente entre as duas nações, foi a Alemanha a sorrir, na conquista do 5º lugar no Euro 2020, com uma vitória por 27-29.

Rui Silva esteve presente no último embate e recorda o momento histórico para Portugal, pese embora a derrota, onde foi alcançado o melhor resultado de sempre em Campeonatos da Europa, o sexto lugar, afirmando que “acho que tudo o que fizemos até agora nunca foi por vingança dos resultados, foi acima de tudo por querermos estar ao nível dos melhores, lutar com eles, e hoje em dia, a verdade é que conseguimos também ganhar aos melhores. Esse jogo não traz nada, porque os jogadores são diferentes, é óbvio, mas acima de tudo, queremos continuar focados em nós e a fazer aquilo que mais gostamos, que é conquistar coisas novas.”

Portugal vs Chile

Sasa Pahic Szabo / kolektiff / FAP

Em antevisão a este encontro, o central (31 anos), que pertence aos quadros do FC Porto, abordou a qualidade individual do conjunto germânico, mas realçou o coletivo dos Heróis do Mar, que estão de alma e coração na luta pelas meias finais, salientando que “A nossa maior qualidade é mesmo a união e o nosso grupo, porque é óbvio que temos jogadores com muita a qualidade e o facto desta energia se sentir para quem está de fora, faz com que individualmente as coisas saiam bem a toda a gente. É óbvio que falamos de uma seleção que tem grandes jogadores, que estão habituados a nível competitivo muito alto, mas lá está, se nos focarmos em nós e prepararmos o jogo como temos feito até agora, temos as nossas hipóteses de ganhar.”

Recorde-se que Portugal terminou o Main Round III na primeira posição após quatro vitórias (Brasil, Noruega, Espanha e Chile) e um empate frente à Suécia na Unity Arena.

Três vezes campeã do mundo, a última das quais em 2007, a Alemanha sempre foi uma eterna candidata, edição após edição, mas há 18 anos que está fora das medalhas. Até agora, esta potência europeia só falhou duas edições do [1990 e 1997]. Mais recentemente, terminou em 4.º lugar, no Dinamarca/Alemanha 2019, e baixou drasticamente o nível no Egito 2021, quando terminou em 12.º tendo recuperado no Polónia/Suécia 2023, onde perdeu apenas dois jogos e garantiu o 5.º lugar.

Mas 2024 foi um bom ano para a Alemanha, marcado por alguns desempenhos fantásticos, uma vez que Alfreð Gíslason, selecionador germânico há cinco anos, conseguiu criar uma equipa bem disciplinada, capaz de se destacar no ataque e de ser forte na defesa.

Primeiro, no Euro 2024, competição que organizou, a Alemanha terminou em 4º lugar, com algumas oscilações em termos de desempenho, o que fez com que vacilasse na fase final da competição, também devido à falta de experiência internacional de alguns jogadores.

Esta situação foi corrigida em julho e agosto, nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, depois de um desempenho extraordinário: apenas duas derrotas e uma medalha de prata, o melhor registo na competição desde Atenas 2004.

A Alemanha está nos quartos de final quase tão motivada como Portugal, num reencontro que se antevê emocionante e que será, no plano teórico, o mais difícil para os germânicos depois do confronto contra a campeã do mundo em título. Primeiro porque os Heróis do Mar ainda estão invictos e, segundo, porque até ao momento, nos jogos que venceu, a turma de Alfreð Gíslason partiu sempre como favorita: Chéquia, Suíça e Polónia, na Ronda Preliminar, e Itália e Tunísia, no Main Round.

Tudo é possível para as duas formações. A “hora” desta noite pode transformar-se numa estrelinha brilhante para cada uma. Que se ilumine mais para os portugueses! Com União!

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