Foram precisos dois prolongamentos, mas a seleção nacional brilhou – ao nível do dourado – frente às Ilhas Faroé para conseguir um triunfo que está a marcar um período de elevado nível no Andebol mundial.
Tendo vencido por um 38-37 que revela a resistência, resiliência e garra lusitana colocadas ao mesmo nível dentro das quatro linhas, a formação portuguesa fez jus a uma real capacidade de se superiorizar nos momentos mais oportunos, com o seu pedaço de felicidade, que normalmente acompanha os mais audazes e lutadores, atingindo mais uma final de uma competição de nível mundial, como que seguindo as pisadas da seleção principal na alta rodagem.
O sonho voltou a tornar-se realidade, com nova final para esta geração, desta vez sem Espanha pelo meio e entre o troféu e Portugal está a Dinamarca, que também precisou de ir a prolongamento para chegar ao último encontro do Campeonato do Mundo, ultrapassando a Suécia.
Portugal apresentou o sete inicial composto por Diogo Rêma Marques, João Magalhães, Gabriel Cavalcanti, Filipe Monteiro, Tomás Teixeira, José Luís Ferreira e Ricardo Brandão, no palco da Arena de Sosnowiec, com Gabriel Cavalcanti a abrir as hostilidades, mas os faroeses responderam na mesma moeda. As defesas acabaram por ser protagonistas, com Diogo Rêma Marques de um lado e Aleksandar Lacok do outro – ao que se seguiram dois desacertos por parte dos lusos, que levaram o marcador ao 2-1 mas a paciência na defensiva traduziu-se em golo pela mão de Tomás Teixeira, pouco depois dos seis minutos (2-2).
Ricardo Brandão deu a primeira vantagem aos portugueses, num golo de belo efeito, e os dois à maior não tardaram a aparecer, apesar da pronta resposta de Oli Mittun – o melhor marcador deste Campeonato do Mundo até então – mas Afonso Mendes teve ímpeto para puxar o resultado para três (6-3).
Com menos um em campo, os lusos sentiram algumas dificuldades mas uma falta atacante de Oli Mittun, voltava a dar a oportunidade à turma de Carlos Martingo de disparar novamente e Ricardo Brandão mostrou-se eficaz (10-8). As Ilhas Faroé acabaram por pedir o seu primeiro time-out mas, na retoma, com um roubo de bola, Afonso Mendes fez Portugal disparar para três (11-8), concluindo o primeiro tempo com os lusos no comando do marcador (15-12).
No tempo complementar, as defesas voltaram a ser protagonistas e os golos só surgiram para lá dos 32 minutos, por Gabriel Cavalcanti e, apesar da pronta resposta de Oli Mittun, José Luís Ferreira foi o nome que se ouviu na Arena de Sosnowiec. Gabriel Conceição colocou Portugal em inferioridade numérica e as Ilhas Faroé conseguiram baixar para os dois golos de diferença (17-15).
Um pequeno desacerto ofensivo para cada lado permitiu a Portugal regressar ao comando, pela mão de Filipe Monteiro, mas uma exclusão para os portugueses voltou a dar novo empate, em Sosnowiec, mas Gabriel Cavalcanti voltou a mostrar resiliência em face da adversidade (21-20).
No último quarto de hora, as Ilhas Faroé reclamaram para si o comando do marcador – pela primeira vez no encontro – pela mão de Sofus Nattestad e acabaram por chegar aos dois golos à maior (21-23), levando Carlos Martingo a parar o jogo. João Bandeira Lourenço chegou inspirado e reduziu.
Portugal manteve a toada e com a ajuda de Diogo Rêma entre os postes teve a oportunidade de equalizar através do próprio e Djóni Joensen colocou um time-out na mesa. Seguiram-se momentos de grande incerteza, com igualdades sucessivas no marcador, até que Rafael Vasconcelos voltou a dar o comando aos lusos (28-27), chegando-se ao fim da hora de jogo com um empate (29-29), partindo-se para o primeiro prolongamento de desempate.
Os faroeses marcaram primeiro, mas Filipe Monteiro respondeu prontamente, Aleksandar Lacok voltou a mostrar inspiração entre os postes mas Diogo Rêma Marques respondeu da mesma forma. João Bandeira Lourenço colocou os lusos na frente e, na segunda metade, Filipe Monteiro entrou a marcar. As Ilhas Faroé conseguiram aproximar (31-32) mas os lusos regressaram aos dois golos à maior. Os faroeses voltaram a crescer na partida e acabaram por empatar (34-34) ao cair do pano, levando o jogo para novo prolongamento
Os lusos começaram com bola e com sucesso por Ricardo Brandão e, nova defesa de Diogo Rêma Marques, deu a oportunidade a Portugal para ampliar. Os comandados de Carlos Martingo acabaram por desperdiçar e foram os faroeses a marcar. O guardião português mostrava inspiração entre os postes, mas também a marcar e deu dois golos à maior (37-35). Na entrada para os últimos cinco minutos, as Ilhas Faroé conseguiram concretizar, mas nova falha no ataque e um golo português mantiveram a distância a dois. E nem um livre de 7 metros nos últimos instantes parou a ambição lusa, completando-se a vantagem lusa (38-37) a caminho de mais uma final.
Registe-se que o MVP & Top Scorer foi Filipe Monteiro – 8 golos e 2 assistências
Carlos Martingo, selecionador nacional, confessou que não foi um jogo brilhante de Portugal, mas salientou que “penso que apesar do empate, quer no primeiro prolongamento, quer no segundo… em todas as oportunidades do jogo, podíamos ter terminado. Quer no tempo regulamentar, quer no final do primeiro prolongamento e acabámos por o fazer no último suspiro do segundo prolongamento. Acabámos por não ter a ‘estrelinha’, não fizemos um jogo fantástico. Ao nível tático e técnico não foi o nosso melhor jogo, mas mais uma vez esta equipa mostrou um grande espírito de luta. Uma grande entreajuda, uma grande união. E isso foi decisivo na nossa vitória final.”
Sobre o próximo adversário, Dinamarca, o técnico português afirmou conhecer bem a equipa que estará do outro lado e acredita que “agora a nossa preocupação é recuperar. E a partir de amanhã vamos pensar na Dinamarca. Nós jogámos com esta Dinamarca há relativamente pouco tempo, na Maia, é a mesma seleção. É uma equipa top, com bons jogadores em todas as posições, uma equipa completa, com um estilo de jogo tipicamente escandinavo, em que a qualidade de passe e a velocidade do jogo são as principais características. Tem uma forte defesa 6:0 e dois bons guarda-redes, mas nós vamos fazer tudo para ganhar e se estivermos ao nosso melhor nível acredito que temos uma grande chance de conquistar o Campeonato do Mundo.”
A final joga-se no domingo (18h30).