Sexta-feira 22 de Setembro de 2423

Duas medalhas de ouro marcaram positividade de Portugal nos mundiais de Tóquio’2025

Atletismo-Mundial-Tóquio-21-09-2025

FPA / Sportmedia

São coisas do desporto ao ar livre. Temos de ter em conta, em especial, as condições atmosféricas que ora são favoráveis (que os digam os saltadores, de um modo geral e, em especial, os velocistas em particular) ora são desfavoráveis e, pior ainda, quando provocam outros “males”.

Ainda assim, o nono lugar é um resultado de grande valor quando se alia ao corresponder à mesma posição no ranking mundial deste ano, lugar que não é para muitas equipas. E Portugal conseguiu, o que se deve registar com agrado.

A última transmissão mostrou-se “mortal” para as aspirações lusas de ficarem nos 8 primeiros classificados na final dos 4×400 metros nos Campeonatos Mundiais de Atletismo que terminaram hoje em Tóquio.

Os portugueses alinharam com uma alteração na equipa que levaram a mudanças também na ordem dos percursos. A troca de Ericsson Tavares por Ricardo dos Santos fez com que Omar Elkhatib passasse para segundo, enquanto Ricardo fechava a equipa.

Pedro Afonso fez o primeiro percurso, fechou nos oito primeiros, Omar levou a equipa a não perder muito terreno e João Coelho conseguiu ganhar alguns lugares e estava a lutar pelo sexto lugar.

Alguma confusão na zona de transmissão do testemunho, com muitos atletas a tentarem receber sem oposição, numa altura em que a chuva deixou o testemunho escorregadio e fez com que a entrega não fosse a melhor, tendo o testemunho caído.

Com a sua experiência, Coelho apanhou o testemunho e entregou-o a Ricardo dos Santos, que cortou a meta em nono lugar, em 3.09,06. Ainda assim, apesar dos resultados de hoje, Portugal mantém o nono lugar na lista dos melhores do ano.

No final, João Coelho afirmou que o “percalço foi prejudicial. Mas a verdade é que às vezes acontece. E aconteceu connosco porque estávamos aqui. Estávamos a fazer uma excelente corrida, seria idêntico ou melhor que o recorde. Agora temos de continuar a trabalhar para continuarmos este percurso. Temos uma equipa muito jovem que pode dar mais alegrias a Portugal”.

 

Chegou o tempo de balanços da época, porque, a partir dos resultados alcançados, poderá haver mudanças nos vários patamares definidos no regulamento do apoio ao Alto Rendimento e comuns aos 32 atletas lusos participantes, que fizeram o que puderam: dois chegaram ao ouro por superação das superações – Isaac Nader até se terá transcendido, porque inesperado, a este nível, conquistar uma medalha de ouro, em especial nos 1.500 metros, ante tantas estrelas do atletismo mundial – outros estiveram pela média da época e outros não cumpriram o que se podia esperar em função das marcas obtidas ao longo do ano.

Quanto ao mundial, que cumpriu a 20ª edição, foi batido um recorde mundial (o sueco Armand Duplantis, que elevou para 6,30 o recorde mundial do salto com vara), a que se somam nove recordes dos campeonatos, 62 recordes nacionais (que incluem também recordes de área geográfica de acordo com o mapa em vigor) e foram melhoradas 22 marcas do ano.

Atletismo-Mundial-Domingos-21-09-2025

FPA / Sportmedia

Domingos Castro: nota 9,5 (de 0 a 10) para a seleção nacional

Para o presidente da Federação Portuguesa de Atletismo “atribuo a nota de 9,5 [de zero a dez] à seleção nacional, E 9,5 porque se não fosse a queda do testemunho acho que daria nota 10. Nós tivemos aqui uma seleção espetacular, com dois campeões do mundo, dois recordes nacionais e presença na final numa estafeta que se estreou, que realmente é uma coisa inédita. Foi o culminar de um ano em que foram batidos 68 recordes nacionais, feito único na história da Federação, que já tem 103 anos (104 em novembro próximo). Isto é fruto do trabalho dos atletas e técnicos, pelo empenho, pela dedicação que eles estão a ter”.

Acrescentou que “nós saímos daqui felizes. Todos se portaram bem. Tenho sempre afirmado que temos atletas dos melhores do mundo e se eles são dos melhores do mundo, são candidatos a medalhas e por isso ganhamos duas medalhas. Para mim, para o nível que eles têm foi normal, mas é evidente que também há aqui a sorte. Hoje tivemos o azar, na estafeta, porque o testemunho caiu. Foi um azar quando eu acreditava que íamos bater novamente um recorde nacional e também acreditava que íamos ficar nos seis primeiros. Por isso eu quero dar os parabéns a toda a comitiva”.

 

Na oportunidade, Domingos Castro não esqueceu de deixar “um agradecimento especial ao governo de Oita, que nos proporcionou condições de excelência para que os nossos atletas estivessem bem preparados, também ao governo português, que na pessoa do senhor Primeiro-ministro nos recebeu na embaixada de Portugal, com um embaixador que nos deu uma motivação extra”.

Domingos Castro apelou “ao governo e ao Comité Olímpico de Portugal, do qual também faço parte, para nos ajudar no projeto que é criar a Casa das Seleções na Marinha Grande, estrutura virada para estes atletas, para os jovens. Temos uma geração de jovens de ouro, precisamos de os aproveitar, mas para isso temos de criar condições”.

Adiantou que “acredito que nos próximos anos teremos, de novo, um grande potencial no atletismo, em vários escalões, sendo que o apoio tem de ser dado a vários níveis, desde as infraestruturas ao financiamento”, aludindo ao facto de “haver muitas instalações para a prática do atletismo que necessitam de renovação, recordando as dificuldades sentidas com as deslocações aos grandes campeonatos que somaram quase um milhão de euros este ano”.

Domingos Castro recordou que o atletismo é “a modalidade número um a nível dos Jogos Olímpicos”.

Na hora de fazer o devido balanço da competição. Domingos Castro referiu que “tiramos daqui algumas experiências e quando chegarmos a Portugal vamos fazer uma reflexão profunda do que é que esteve bem e o que é que esteve menos bem, para estarmos sempre a melhorar as nossas prestações”.

Portugal em 9º lugar nas Medalhas

Atletismo-Mundial-Medalhados-21-09-2025

FPA / Sportmedia

Portugal terminou em nono lugar no medalheiro, graças às duas medalhas de ouro alcançadas (Isaac Nader e Pedro Pichardo), registando-se 53 países com medalhas, mas ressaltando que a seleção lusa ficou à frente, por exemplo, de colossos como a Itália, Alemanha, Brasil, Cuba, França, G. Bretanha, Etiópia, China, Coreia do Sul, Grécia, República Checa, África do Sul, Nigéria, Japão e Grécia, por norma, sempre acima de Portugal ao longo dos anos.

O campeão foi os Estados Unidos da América, com 26 (16 de ouro, 5 de prata e cinco de bronze), seguindo-se o Quénia, com 11 (7-2-2); Canadá, com 5 (3-1-1); Holanda, com 6 (2-2-2); Nova Zelândia, Suécia, Espanha e Botsuana, com 3 (2-0-1); Portugal, com 2 (2-0-0); e Jamaica, com 10 (1-6-3).

Registe-se que apenas nove países conseguiram conquistar duas ou mais medalhas de ouro.

Na classificação por pontos, Portugal fechou em 25º lugar (finalistas), a maior pontuação desde 2019. Os Estados Unidos, com assombrosos 308 pontos, “esmagaram” a concorrência, face ao diferencial para o segundo (118 pontos do Quénia) e da Jamaica, com 98.

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