Quinta-feira 09 de Outubro de 2025

“Os jogadores não escondem que o objetivo é vencer o Campeonato do Mundo”!

SUMMIT 2025 · Oeiras

Pedro Estevens / Jogada do Mês

Na sessão de abertura do Portugal Football Summit, nesta quarta-feira, esta terá sido uma das frases que mais efeito terá provocado, de forma geral, pela forma categórica como o selecionador nacional Roberto Martinez a assumiu, com o sentido de responsabilidade que o carateriza.

Ainda que podendo ser extemporâneo, a cinco anos do evento, Martinez retirou esta “carga” sintomática do que referiu na segunda parte do discurso, que se recorda “Todos merecem, o povo português merece!”

Sem dúvida que é esse o desiderato que se pretende, muita água vai ainda correr pelas montanhas e planícies para que se atinja o que se deseja, o mais alto galardão do Globo Mundial, pelo que há que tratar o assunto com algum cuidado, cientes de que – como se sente em todo o lado – a situação não se vislumbra tão clara como se pode pensar, pelos motivos mais que conhecidos de todos.

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Pedro Estevens / Jogada do Mês

No “bate-bate” com Pedro Pinto, o moderador de serviço no futebol mundial, Martinez foi dizendo que “quando cheguei a Portugal [em janeiro de 2023], a maior surpresa foi a natureza competitiva da seleção, a ambição dos mais jovens em desenvolverem-se. A estrutura do futebol português, que não se vê em muitos países, permite que haja espaço para crescer. O jogador português é criativo e mentalmente bem estruturado, há uma mistura entre a criatividade e as características inatas de cada um. Por norma, o jogador português integra-se facilmente em qualquer equipa e adaptar-se bem a outras realidades”.

Noutra passagem, salientou que “trabalhei com muitos génios, mas nunca vi alguém igual a Cristiano Ronaldo. Tem uma fome de vencer incrível. No dia a seguir a uma conquista ele já tem outra em mente. Não consigo explicar. É uma referência para todos nós”.

Adiantou ainda que “o momento-chave [da conquista da Liga das Nações] foi quando sofremos o golo da Alemanha [na meia-final, em solo germânico] e sentimos que podíamos e tínhamos qualidade para dar a voltar [Portugal venceu, por 2-1]. Aconteceu o mesmo com a Espanha, na final [triunfos nos penáltis, após empate a dois]. Foi importante os jogadores perceberem que têm qualidade para jogar de igual para igual com os melhores”.

Confessando que “não há estilos perfeitos ou vencedores”, apenas “estilos genuínos”, Martínez salientou a importância do sucesso dos jogadores dos respetivos clubes e para o final deixou claro qual o objetivo para o Mundial-2026, comentando que «ainda não garantimos a qualificação, mas sentimos que todos trabalhamos em prol de um objetivo. Em 1966, fomos terceiros no Mundial, em 2016 fomos campeões da Europa e agora o Mundial é em 2026… Os jogadores não escondem que o objetivo é vencer o Campeonato do Mundo. Todos merecem, o povo português merece”.

Para Pedro Proença, presidente da Federação Portuguesa de Futebol – promotora do evento – “é um orgulho dar-vos as boas-vindas ao maior Summit de Futebol do mundo, permitindo-me destacar a presença do Presidente da República Portuguesa, Professor Marcelo Rebelo de Sousa. Um agradecimento muito especial ao Presidente da UEFA, Aleksander Ceferín que nos concede a honra de estar connosco neste momento marcante”, a quem se dirigiu de seguida.

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Pedro Estevens / Jogada do Mês

“É um privilégio acolher-vos, a todos na casa do futebol português. É uma honra poder tê-los ao nosso lado, enquanto reescrevemos a história da Federação Portuguesa de Futebol”, tendo acrescentado que “viemos para fazer, o que ainda não foi feito. A Federação Portuguesa de Futebol tem uma História com 111 anos. É uma instituição centenária. Mas há, em todas as instituições, uma característica que, felizmente, as distingue das pessoas: envelhecer não é uma inevitabilidade”.

Adiantou que “Honraremos, sempre, o legado deixado pelas centenas de pessoas que a serviram ao longo dos seus 111 anos. Terão, todos, um lugar na nossa História. E serão, sempre, recordados por isso. Mas temos o dever de olhar para a frente. De encarar, com ambição, o Futuro. De fazer mais. De fazer melhor. Porque a História de uma instituição como a Federação Portuguesa de Futebol nunca estará definitivamente escrita. Haverá, sempre, páginas por escrever”.

Com novos capítulos por começar, referindo que “hoje abrimos a porta a uma nova era.Uma era de inovação. Uma nova era de liderança na discussão sobre o futuro do Futebol. Porque permitam-me, sem falsas modéstias, dizer-vos o seguinte: estamos hoje a dar o pontapé de saída naquele que será o maior Summit de Futebol do Mundo”.

Precisou que “durante os próximos quatro dias, receberemos os maiores especialistas do Mundo, nas mais variadas áreas. Durante quatro dias, abordaremos todos os aspetos do jogo. Durante quatro dias, discutiremos a forma como vamos abordar os desafios que nos aguardam. Passado, Presente e Futuro. Todos juntos num triângulo bem identificado: Futebol. Fan Engagement, Indústria! Sem nunca esquecer aqueles que são a alma deste desporto: Os adeptos!

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Pedro Estevens / Jogada do Mês

Aleksander Čeferin, presidente da UEFA, não fugiu a nenhuma das perguntas na entrevista exclusiva que ofereceu durante a cerimónia de abertura do Portugal Football Summit e só não conseguiu mesmo explicar o que Portugal, e a Seleção Nacional, têm de diferente. “Não sei, mas vou descobrir. Têm talento, claro, trabalho muito, mas isso muitos outros também. Aqui, há algo especial. Não sei o que é, mas vou descobrir”, disse o homem que lidera o futebol europeu desde 2016.

No topo da hierarquia da Seleção Nacional, o nome do capitão e maior embaixador, Cristiano Ronaldo, que mereceu do presidente da UEFA o reconhecimento público pela carreira e não só. “Ele é um dos maiores promotores de Portugal, do futebol no Mundo… Toda a gente o conhece, nunca vi ninguém tão competitivo. Ele é fantástico não só pelo que faz no futebol, mas fora também. Cristiano Ronaldo é, seguramente, um dos três maiores nomes de sempre do futebol”, assumiu sem problemas.

Elogiando o capitão Cristiano Ronaldo e outros jogadores de top do futebol português, Ceferin

mostrou conhecer bem os nomes da Seleção, quando instado a falar de algumas das maiores estrelas do futebol mundial «Nuno Mendes, Rodri… João Neves, Vitinha, Rúben Dias, o meu central favorito. Não sei como o estão a fazer, mas têm alguma coisa. Não é só talento e trabalho”, repetiu.

Satisfeito com o desenvolvimento do futebol feminino e a final do Europeu, que juntou 93 mil pessoas em Wembley, mas ciente do muito trabalho que é preciso fazer, o presidente da UEFA nunca se mostrou cansado, pelo contrário, garantiu que está pronto para abraçar mais e mais trabalho e desbravar novos caminhos como streaming, social media e IA. “O futebol é conservador em muitos destes aspetos, mas temos de começar a olhar para o lado. Devagar, passo a passo”, defendeu.

Aleksander Čeferin confessou também “que os desafios nunca acabam e nunca se sabe o que vem depois. Mas, no fim do dia, o mais importante é simples: olhar-me ao espelho e saber que fiz o melhor que podia, com boas intenções. Errar todos erram, mas o mais importante é isso. Olhar ao espelho e saber que fizemos o melhor pelo bem”.

Não podendo estar presente, o presidente da FIFA, Gianni Infantino, enviou um vídeo a felicitar o futebol português pela organização do Portugal Football Summit, salientando “antes de mais, peço desculpa por não poder estar presente, mas faço questão de me associar a este grande momento de celebração do futebol português. Parabéns à FPF por organizar um evento tão relevante de reflexão, debate e partilha de ideias para o presente e o futuro”.

O presidente da FIFA destacou o papel de Portugal na organização de grandes eventos, já a apontar ao Mundial-2030. “Quero destacar o papel de Portugal num cenário cada vez mais competitivo. Portugal não é apenas um país de tradição futebolística extraordinária, mas também um dos atores que mais tem investido. 2030 será um momento histórico, Portugal terá papel central como anfitrião e exemplo de organização e paixão pelo futebol, cultura de exigência. Estou convicto que esse torneio será uma celebração para rodos os jogadores, treinadores, árbitros e adeptos”, vincou Gianni Infantino.

Gianni Infantino desejou um bom congresso a todos os participantes. “A FIFA está e estará ao lado da FPF e de Portugal nesta jornada, para que os objetivos sejam alcançados. Estou certo de que Portugal continuará a brilhar nos palcos mais altos, contribuindo para um futebol mais vibrante e universal”, concluiu Gianni Infantino.

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Pedro Estevens / Jogada do Mês

A Ministra da Cultura, Juventude e Desporto, representando o governo português destacou a importância da modalidade para a economia e a identidade cultural do país e salientou “o futebol como um ativo estratégico económico e, mais do que isso, como um “traço cultural” incontornável da identidade nacional. Por projetar o país no mundo, a governante sublinhou a importância do desporto-rei como “ferramenta única” para a internacionalização de Portugal. Realçou ainda a relevância da modalidade na formação de comunidades, enquanto “linguagem universal” capaz de aproximar pessoas que nada partilham além da mesma paixão pelo jogo.

Nesse sentido, Margarida Balseiro Lopes contou uma história pessoal vivida há poucos meses numa visita a uma pequena ilha de Timor-Leste. “Apesar de muitas pessoas não dominarem a nossa língua, os nomes dos nossos jogadores eram das poucas palavras que sabiam e que diziam com um brilho nos olhos e um entusiasmo de quem fala de heróis próximos. Foi o momento em que, para mim, se tornou evidente o valor do futebol para atravessar fronteiras como paixão partilhada. O futebol foi a ponte que permitiu que nos entendêssemos, que fez com que, apesar das diferenças e barreiras, encontrássemos terreno comum.”

A ministra defendeu ainda que Portugal possui “condições únicas para estar na linha da frente na projeção do futuro do futebol – graças ao talento nacional, aos adeptos fervorosos, às infraestruturas de qualidade, tendo considerado ainda que é um evento que serve de ponto de partida para novas ideias, compromissos, ambições e formas de valorizar o desporto. É a convenção que coloca Portugal no centro do debate sobre o futuro do futebol”.

O presidente da República começou por salientar que “o futebol tem de se adaptar ao novo tempo, como se vai provar neste evento único no Mundo”.

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Pedro Estevens / Jogada do Mês

Confessou que pensou na forma de iniciar o seu discurso no caminho de Belém para o Arena Portugal, recordando os tempos em que, com apenas 24 anos, foi diretor da FPF em representação da Associação de Futebol de Angra do Heroísmo.

“Nunca mais deixei de ficar ligado ao futebol. E é tão bom ter uma cimeira que olha para o passado, mas olha sobretudo para o futuro. Nós somos ótimos no nosso passado, melhores ainda no nosso presente e vamos ser melhores no nosso futuro”, sublinhou Marcelo Rebelo de Sousa, recordando de pronto grandes figuras do futebol português, desde José Travassos, passando por Eusébio, Luís Figo e Cristiano Ronaldo.

“O tempo em todo o mundo está a acelerar na nossa vida. É mais rápido. O futebol tem de se adaptar ao novo tempo, enquanto competição, organização e indústria. O futebol enquanto paixão. De milhões e biliões, podemos dizer. O tempo exige um futebol diferente. O espaço exige um futebol diferente. Temos uma ocasião para o ano única, que é conquistar os Estados Unidos da América e o Canadá. Temos de os conquistar. Está a faltar-nos essa parte do continente americano”, sinalizou ainda o Presidente da República, referindo-se ao próximo Mundial de 2026 e registando também a necessidade de conquistar outras latitudes, como Ásia e Oceânia para que o futebol seja ainda mais global.

“Portugal é bem escolhido para discutir isto. É bem escolhido porque o tempo que temos para conseguir, isto é, de hoje até 2030. E em 2030 cá está Portugal, com a Espanha e com Marrocos, para se afirmar no Mundo. O Cristiano Ronaldo é o melhor dos melhores do Mundo. Temos também uma Seleção que é das melhores do Mundo. Temos um futebol em adeptos, em praticantes, em treinadores e não posso deixar de dizer isso, senão o Mourinho mata-me. Também foi uma vez o melhor treinador do Mundo”, juntou Marcelo Rebelo de Sousa entre sorrisos, concluindo: “Nós temos todas as condições para daqui até 2030, já a começar no ano que vem, estarmos na primeira linha do novo tempo e do novo espaço do futebol. É para isso esta cimeira. Em nome de Portugal, aqui venho agradecer-vos. Agradecer o contributo que Portugal uma vez mais dá com excelência para o mundo do futebol.”

 

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