O ciclista português André Soares alcançou, na madrugada de ontem, a medalha de bronze na Corrida por Pontos (ciclismo) nos Jogos Surdolímpicos Tóquio 2025, após uma prova marcada pela intensidade, resiliência e um momento de superação que emocionou todos os presentes no Japan Cycle Center, em Izu.
A cerca de 10 voltas do final da corrida, quando seguia bem posicionado para discutir a prata com o sul-coreano Byungwook Ko – a prova foi ganha pelo atleta Dmitry Rozanov – André Soares sofreu uma queda aparatosa numa das curvas mais fáceis do circuito. No entanto, levantou-se de imediato, regressou à pista e, com enorme determinação, conseguiu segurar o 3º lugar, numa demonstração exemplar de coragem e de capacidade de superação.
O bronze alcançado reforça o estatuto de André Soares como um dos nomes mais fortes do ciclismo surdolímpico mundial, que nos Jogos de Caxias do Sul, há três anos, conquistara o ouro nesta prova.
No final da prova, visivelmente emocionado, o atleta dedicou a conquista à mãe, presente no circuito, de onde retirou forças no momento mais difícil da corrida. André estendeu ainda a dedicatória à namorada, sublinhando o papel fundamental que a família e os afetos desempenham na sua carreira desportiva.
“Foi uma corrida interessante, partíamos como favoritos, tínhamos tido um bom resultado em Caxias do Sul e vínhamos com a ambição para esta corrida, que é uma das minhas favoritas. Tentei lutar pelo lugar mais alto do pódio, fiquei com o 3º lugar devido a uma queda, um erro técnico numa das curvas mais fáceis. Mas em alta competição, em alta velocidade, estas coisas acontecem e temos de fazer o que fiz, levantar-me e seguir em frente e não ficarmos presos naquele problema. Fui à luta e ainda consegui sprintar para o bronze na última volta”, explicou André Soares, partilhando, com emoção, o que lhe deu forças para continua.
“Acho que a minha força maior foi, quando me levantei do chão, saber onde estava a minha mãe e vê-la em lágrimas. E acho que isso foi o que me deu forças para me levantar e continuar a lutar para a deixar orgulhosa.”
Porque por trás de cada atleta há sempre uma mãe, uma família que também corre, também cai, levanta-se e também vence com ele.
André Soares contou ainda que vai deixar a sua namorada escolher o sítio para expor a medalha em casa e dedicou a vitória também a todo o staff do Comité Paralímpico de Portugal, dizendo “dedico-lhe esta vitória. Prometi-lhe que se eu conseguisse uma medalha que era dedicada a ela, porque é a minha companheira de vida e ela lá em casa é que vai estipular onde ficar a medalha guardada. Só tenho de agradecer a todas as pessoas lá em casa que estiveram a assistir, e que, pelo que percebo, já somos uma comunidade enorme, agradecer também ao meu treinador, ao presidente da Federação de Ciclismo que esteve aqui presente, a todo o staff do CPP que esteve aqui presente a puxar por nós e a incentivar-nos. Esta vitória também é dedicada a vocês todos.”
Na mesma corrida, João Marques foi eliminado a duas voltas do final.
No salto em altura, o jovem Gustavo Pereira classificou-se em 11º lugar, saltando 1,70 metros. A prova foi ganha pelo atleta neutro Denis Fedorenkov, com 2,07. O também neutro Raman Hralko ficou com a prata ao saltar 2,04 m, o polaco Jan Bartosz Brzezicki conquistou o bronze com 1,92m.
Os Jogos Surdolímpicos prosseguem nesta quarta-feira com Nuno Esteves a competir em Carabina Deitado 50m (2h15, em Portugal Continental) e Margarida Silva, por sua vez, corre a final dos 1.500m às 06h30.


