Domingo 07 de Dezembro de 2025

As memórias e a ambição europeia de Mariana Machado para o crosse em Lagoa

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FPA

A menos de uma semana do Europeu de Crosse em Lagoa (dia 14 deste mês), com as equipas nacionais a retemperar das calorias gastas no último mês de novembro com a presença em várias provas para se definirem as escolhas, dão-se os últimos retoques à pista de crosse na Lagoa.

Na vertente dos representantes lusos e a poucos dias de voltar a competir perante o público português, no Europeu de Corta-Mato de Lagoa 2025, agendado para dia 14 de dezembro, Mariana Machado revisitou o momento que marcou a sua entrada na elite continental em Lisboa 2019.

Então com apenas 19 anos, a bracarense conquistou a medalha de bronze em sub-20. Entre emoções fortes, e a sensação de estar a crescer entre as melhores, aquele dia tornou-se um símbolo da sua afirmação no atletismo europeu.

Mais experiente e dona de um percurso que inclui pódios em sub-20 e sub-23, Mariana regressa ao palco onde a modalidade a fez sonhar desde pequena. O Europeu continua a ser, diz, a sua “grande paixão”, e o desafio deste ano — lutar pela tão desejada medalha entre as seniores — cruza-se com o privilégio de competir em casa, num percurso técnico e exigente onde espera chegar na melhor forma.

Em entrevista ao site da Federação Portuguesa de Atletismo, a jovem atleta lusa referiu que “foi um momento especial. Lisboa 2019 fica marcado pela segunda medalha que conquistei a nível europeu na minha carreira – antes, nesse verão, tinha sido vice-campeã da Europa de 3000 metros – e porque foi a primeira competição em que participei junto com a equipa sénior. Desde muito nova que comecei a destacar-me entre as atletas, comecei a competir desde juvenil e integrada nos juniores, sendo a mais nova da equipa… e, é incrível, a primeira vez que competi num Campeonato da Europa, em 2019, em Lisboa, eu era a mais nova da equipa e nos últimos já cheguei a ser a mais velha.”

Alcançar medalhas são sempre os sonhos mais fortes que estão no cérebro dos atletas quando vestem a camisola da seleção nacional, pelo que Mariana Machado adiantou que “mesmo sendo uma das mais novas, isso não me impediu de chegar às medalhas… Sim, mas lembro-me que em Lisboa perdi a medalha de prata um pouco devido às emoções… porque era muito apoio e eu ainda era muito nova, muito inexperiente e deixei-me levar pelas emoções. Ataquei muito cedo, ganhei distância para a Nadia Battocletti – que agora é um fenómeno do atletismo – e depois, na última descida, paguei e paguei caro e fui ultrapassada também pela eslovena [Klara Lukan]. Mas ainda assim, consegui garantir a medalha de bronze. Agora estou mais experiente, mais bem preparada para enfrentar todas as situações e emoções”.

Conquistou medalhas de bronze em sub-20, em Lisboa, e sub-23, em Dublin 2021… falta a medalha no escalão sénior?

“Verdade, tenho pódios em sub-20 e sub-23 e este ano gostava de conquistar como sénior. Sei que é difícil, o nível nas seniores é muito elevado, somos atletas todas muito talentosas, o nível é muito semelhante, qualquer uma das favoritas pode ganhar e será de certeza uma competição muito dura. Por isso acredito que o apoio que vai sentir-se neste europeu será uma grande ajuda. Vou tentar agarrar o apoio do público, sem me deixar levar pelas emoções de ter os portugueses a torcer por mim”.

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Conhecendo o percurso, isso poderá ser uma vantagem?

“Sim, é uma vantagem. O percurso é muito técnico, ainda não tenho a certeza se é um percurso que me favorece ou não… mas temos trabalhado todos os aspetos técnicos que possam influenciar a minha corrida e o resultado. É um percurso completamente diferente de todos os campeonatos da Europa em que já participei e foram alguns. É um percurso exigente, é duro, mas vai ser igual para todas, por isso vamos à luta. Acima de tudo, espero chegar na minha melhor forma e oxalá as coisas resultem como planeado”.

O que representa para a Mariana correr num Campeonato da Europa de Corta-Mato?

“O europeu de corta-mato foi a minha grande paixão no atletismo. Por isso é uma competição muito especial. Comecei muito nova, ao lado de atletas que eu admirava muito, como a Sara Moreira, a Jéssica Augusto, Inês Monteiro e eu muito novinha a aprender com elas, e por isso sempre foi muito especial. Costumo, agora, dizer às mais novas que o Europeu de Corta-Mato é muito especial porque somos todas atletas que praticamos distâncias de meio-fundo e fundo e identificamo-nos uns com os outros, passamos pelas mesmas dificuldades nos treinos, nas provas, etc. E por isso, o corta-mato continua a ser especial e continuo a adorar. Cada ano que vou ao europeu, quando acaba fico ansiosa pelo ano seguinte. Só não estive presente no ano dos Jogos Olímpicos – porque aí quis mesmo preparar-me para a pista para conseguir a qualificação para os Jogos – mas desde que comecei que estive em todos os campeonatos da Europa e por isso tenho muitas recordações e duas medalhas individuais a nível Europeu de que tenho muito orgulho”.

Ganhou o Nacional de Corta-Mato em Lagoa. Foi um teste para o europeu?

“Sim, a preparação foi toda direcionada para o campeonato da Europa, e o Nacional foi apenas um teste para o grande objetivo. Acima de tudo é um orgulho e é um gosto enorme continuar a praticar esta modalidade, que me tem proporcionado tantas experiências e momentos bons, e que só demonstra a minha resiliência e espírito de sacrifício. Ser consistente ao longo dos anos é o mais difícil nesta modalidade e, acima de tudo, continuar aqui. Fiquei muito feliz com mais um título de campeã nacional tanto a nível individual – já vão cinco – como coletivo e estou muito orgulhosa por esse feito.

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