Os Campeonatos da Europa de Corta-Mato de 2025 deixaram um balanço amplamente positivo para Portugal, tanto em termos competitivos como organizativos, com vários resultados de top-10 e progressão face à edição anterior.
Crescimento que ficou patente na prova sénior masculina, onde Portugal alcançou o 5º lugar coletivo, melhorando cinco posições face a Antalya 2024, onde havia sido 10º. Um resultado expressivo num dos escalões mais competitivos do programa europeu.
Numa corrida marcada por forte intensidade desde as primeiras voltas, Etson Barros foi o melhor português em prova, terminando na 14ª posição, com o tempo de 22.44, numa jornada em que o campeão nacional português da disciplina não conseguiu concluir a corrida. Miguel Moreira, campeão nacional de corta-mato em 2024, foi o segundo melhor luso, ao alcançar o 21º lugar, com 22.58. Rui Pinto terminou em 33º, com 23.13, seguido de Alexandre Figueiredo, 45º com 23.35, e João Amaro, 60º, com 24.10.
No plano coletivo, a prova foi dominada por Espanha, Irlanda e França, num desfecho decidido ao sprint no plano individual. O título europeu foi conquistado pelo espanhol Thierry Ndikumwenayo, que venceu com 22.05, batendo na reta final um dos grandes favoritos, o francês Jimmy Gressier, segundo com 22.08. O suíço Dominic Lobalu completou o pódio, ao terminar em 22.23.
Etson Barros expressou a sua opinião ao afirmar que “as primeiras duas voltas foram fáceis, com um ritmo não tão forte, mas tinha consciência de que os atletas que vinham atrás eram muito fortes. Comecei a sentir o ataque deles a partir da terceira volta, quando arrisquei e não me arrependo nada da forma como geri a corrida. Sofri até ao fim, tentei não perder lugares, mas no final já é muito a parte psicológica a funcionar.”
Adiantou ainda que “foi bom correr em Portugal, treinamos bem aqui. Creio que conseguimos boas indicações para o que podem ser os próximos Campeonatos da Europa e para o que temos de fazer na preparação para, lá fora, também podermos lutar pelas medalhas.”
Equipa sénior feminina no top-10 coletivo
A prova sénior feminina ficou marcada pela intensidade competitiva e por um desfecho exigente para a seleção portuguesa, que terminou no 10º lugar, numa classificação dominada por Bélgica, Grã-Bretanha e França.
Portugal entrou em prova com Mariana Machado como uma das atletas com legítimas perspetivas de lutar pela zona das medalhas individuais, mas a atleta portuguesa acabou por desistir sensivelmente a meio da corrida, numa prova extremamente dura desde o arranque.
Laura Taborda assumiu o papel de primeira portuguesa a cortar a meta, terminando na 27ª posição, com 26.20, seguindo-se Joana Vanessa Carvalho (38º lugar, com 26.56), Ana Mafalda Ferreira (58ª, com 27.37), Neide Dias (61º com 27.48) e Mónica Silva (68ª com 28.41).
No plano individual, confirmou-se o favoritismo da italiana Nadia Battocletti, que venceu com 24.52. A britânica Megan Keith foi segunda (25.07), enquanto a turca Yasemin Can completou o pódio, com 25.13.
Mais jovens (sub23 e sub20) corresponderam ao chamamento
As provas masculinas sub-23 e sub-20 marcaram o início da manhã, com participações consistentes das seleções portuguesas frente a um quadro competitivo de elevado nível internacional.
Na corrida sub-23 masculina, que reuniu 76 atletas, Portugal terminou no 7º lugar coletivo, com destaque para Duarte Santos, o melhor português em prova, ao alcançar o 13º lugar, com 18.17. O atleta nacional esteve sempre inserido no grupo da frente, mostrando ambição e capacidade competitiva num percurso exigente. João Santos foi 20º, enquanto Leandro Monteiro (53.º), Rodrigo Freitas (56º), Rodrigo Lourenço (75º) e Alexandre Lucas (74º) completaram a prestação lusa.
O irlandês Nicholas Griggs conquistou o ouro, com 17.47, seguido do francês Aurélien Radja, prata com 17.59, e do também francês Pierre Boudy, bronze com 18.03. A equipa da Irlanda venceu, seguida da França e Espanha, que ocuparam o pódio.
Na prova sub-20 masculina, com um impressionante total de 120 participantes, o melhor português foi Tiago Jorge, que terminou em 21º lugar, com 13.45, melhorando significativamente o 46º posto alcançado em Antalya 2024. Seguiram-se Leonardo Oliveira (53º) e Manuel dos Santos (75º), resultados que colocaram Portugal no 15º lugar coletivo, entre 28 países. Tiago Machado foi 76º e Afonso Alemão 83º.
O título europeu sub-20 foi conquistado pelo belga Willem Renders, com 13.11, após um sprint final apertado frente ao espanhol Óscar Gaitán (13.12). O francês Alois Abraham fechou o pódio, com 13.19. Em termos coletivos, Bélgica, Grã-Bretanha e Espanha arrecadaram as medalhas.
A corrida sub-20 feminina contou com 96 atletas à partida e marcou a estreia de Mariana Moreira em Europeus de Corta-Mato, que se apresentou como a melhor portuguesa em prova. A campeã nacional do escalão, título conquistado precisamente em Lagoa, terminou na 16ª posição, com o tempo de 15.37, muito próxima do objetivo a que se propunha.
Portugal terminou no 12º lugar, com 116 pontos, beneficiando ainda das classificações de Carolina Correia (46ª) e Maria Jesus (54ª). Solange Nunes foi 55ª, Stela Fernandes terminou em 62ª e Cátia Khavas fechou a prestação lusa na 72ª posição.
O título europeu sub-20 foi conquistado pela britânica Innes Fitzgerald, com 14.35, chegando à meta 32 segundos antes da francesa Lucie Paturel, medalha de prata. A irlandesa Emma Hickey completou o pódio individual. Em termos coletivos, Grã-Bretanha e Irlanda do Norte conquistou o ouro, com Espanha e Suécia a arrecadarem a prata e o bronze, respetivamente.
Nas sub-23, com 70 atletas em competição, a melhor portuguesa foi Rita Figueiredo, que concluiu a corrida na 28ª posição, com o tempo de 21.32. A seleção nacional terminou no 11º lugar coletivo, somando 128 pontos, com Ana Marinho a classificar-se em 49º, Marta Castro em 51º, Beatriz Rios em 52º, Diana Fernandes em 56º e Beatriz Azevedo em 63º.
A prova foi conquistada pela espanhola María Forero, com 19.59, seguida da finlandesa Ilona Mononen, prata com 20.04, e da alemã Pia Schlattmann, bronze com 20.23. A França sagrou-se campeã, com prata para a Alemanha e a Espanha fechou o pódio.
Orgulho de Domingos Castro
Domingos Castro, presidente da Federação Portuguesa de Atletismo, fez um balanço muito positivo de todo o Europeu, da forma como foi organizado e também dos resultados nacionais:
“Parabéns a toda a equipa, que foram fantásticos, com uma organização perfeita. A nossa equipa portou-se extremamente bem, independentemente de um ou outro percalço, mas todos estiveram dentro das expectativas e tenho de dar os parabéns à nossa equipa da Estafeta, porque fizeram uma prova brilhante, com uma medalha de prata que nos orgulha. Temos uma equipa bastante jovem, com muitos atletas muito jovens com um futuro muito grande à frente deles. Atendendo a esta organização, com feedback muito positivo por parte de todas as federações, com esta medalha de prata conquistada pela estafeta mista, acho que tudo isto nos permite terminar o ano de 2025 com uma felicidade imensa.”
Caiu o pano sobre a edição 31 dos Europeus de Corta-Mato. Dentro de um ano, Belgrado será a cidade de acolhimento desta competição.
Fotos: FPA / Sportmedia / Marcelino Almeida / Tatiana Gonçalves
