Caiu o pano sobre o Campeonato Nacional de Juniores e Seniores, que decorreu nas piscinas municipais de Leiria e, tal como sucedeu desde o primeiro dia, sempre com novos recordes nacionais para celebrar.
Nesta terça-feira, o destaque foi para Mariana Cunha, nos 100 mariposa, e para a estafeta feminina de 4×50 estilos do Sport Algés e Dafundo.
Se no dia anterior tinha ficado o sabor agridoce de ter igualado o seu recorde nacional nos 100 estilos, a felicidade de reescrever a história do recorde nacional dos 100 mariposa, ao terminar a prova em 57.93 segundos (o anterior máximo era de 58,01 segundos e já datava de 2023).
“Hoje (ontem) o meu sentimento é o oposto. Já há dois anos que estava à espera de baixar o meu recorde nacional absoluto e, por isso, sinto-me bastante feliz. Estava a precisar de baixar esta barreira para fortalecer-me psicologicamente e este resultado vai dar-me bastantes forças para a época de piscina longa”, referiu Mariana Cunha, que não conseguiu, no Europeu de Lublin, expressar dentro de água a sua qualidade e sabe-se agora o porquê: “posso dizer que guardei o melhor para o fim da época de piscina curta. Não estava à espera de ficar doente na semana anterior ao europeu e isso afetou-me um bocado. Mas consegui responder muito bem agora e estou bastante feliz”.
Também o Sport Algés e Dafundo melhorou o máximo nacional dos 4×50 estilos, com Rafaela Azevedo, Cláudia Borges, Marta Pires e Ema Conceição a terminar a prova em 1.51,70 minutos, retirando quase quatro segundos ao anterior máximo que já era pertença do Sport Algés e Dafundo e datava de 2018.
Depois de sagrar-se campeã nacional nos 800, 200 e 100 livres, Francisca Martins ficou muito perto do seu recorde nacional nos 400 livres (4.04,57 minutos). Terminou em 4.04,91 e com o quarto título nacional no currículo.
Camila Rebelo brilhou no Europeu de piscina curta em Lublin, com recordes nacionais nas três provas de costas e, nos 200, quase chegava à medalha de bronze, mas nestes campeonatos em Leiria não deixou os créditos por mãos alheias e foi mesmo a nadadora que mais títulos somou. Aos três de costas juntou os dos 200 e 400 estilos.
“É o culminar de duas semanas com muita intensidade competitiva, o objetivo era sempre melhorar a cada etapa e chegar ao Nacional em Portugal, divertir-me ao máximo e fazer as melhores prestações possíveis”, disse Camila Rebelo que já olha à distância para a época de piscina longa: “fazer boas prestações na piscina curta com três/quatro meses de treino depois das férias do verão é sempre bom. Quanto à época de piscina longa, pretendo chegar ao Europeu na melhor forma, tal como aos Jogos do Mediterrâneo e, se possível, trazer novamente uma medalha. Mas ainda faltam muitos meses”.
E por falhar em medalhas… “Guardo-as todas num armário que já fui me apoderando dele (risos). Mas a minha mãe já está a pensar noutro lugar para as guardar», confessou
Sporting bateu recorde nacional da estafeta mista de 4×50 metros
No terceiro dia do Nacional de Juniores e Seniores, a estafeta 4×50 livres mista do Sporting brilhou a grande altura ao obter um novo recorde nacional. André Ramos, Pedro Tigre, Laura Barbeito e Anna Fomina nadaram em 1.34,67 minutos, retirando quase três segundos ao anterior máximo que pertencia ao Benfica, desde abril do ano passado.
Mas não foram apenas os leões a ganhar protagonismo neste dia, pois Mariana Cunha por pouco não festejava um novo máximo nacional nos 100 estilos. E nem se pode dizer que foi por… uma unha negra, já que a nadadora do Colégio Efanor igualou o recorde nacional (1.00,19 minutos) já conseguido este ano.
Um sentimento agridoce… “esse foi o sentimento que tive ao tocar na parede e ver o tempo. Tenho o sonho de baixar do minuto e sei que sou capaz, já vi com o meu treinador alguns detalhes em que falhei, mas vou consegui-lo até porque é uma barreira histórica para Portugal. Mas, por outro lado, consegui igualar o meu recorde nacional e isso é sinal de que estou em cima dos meus melhores tempos, apesar do Europeu não ter corrido como queria», confessou Mariana Cunha, que já tem em mira o Europeu de piscina longa, em Paris: «Os meus objetivos passam por estar no Europeu de piscina longa e nos Jogos do Mediterrâneo. Primeiro quero fazer os mínimos, umas centésimas melhores do que o meu recorde pessoal, e depois de estar apurada tentar o melhor resultado possível”.
Em destaque esteve também Francisca Martins ao somar o seu terceiro título nacional. Depois dos 800 (com máximo pessoal) e dos 200 livres, hoje a nadadora do FOCA Quinta Da Lixa venceu os 100 livres (55,07 segundos), a sua segunda melhor marca de sempre em piscina curta. «Tenho conseguido bons resultados e estou feliz por isso, por estar a competir, a desfrutar com a competição, a motivar-me com o ambiente da piscina. É sempre bom nadar do nosso país e estou a tentar tirar o melhor proveito quando entro na água. Nas três provas que ganhei consegui boas marcas e nadar perto dos meus melhores tempos era o objetivo, tento sempre fazer o melhor possível, mesmo sabendo que a piscina curta não é o meu forte», frisou a nadadora que esteve no recente Europeu e que também já olha para Paris: «Estar no Europeu de piscina longa é o meu principal objetivo, o meu foco desde o início da época. Por isso, de janeiro a agosto será uma época de muito trabalho e também de competição, pois ajuda a criar ritmo e também a perceber o que tenho de fazer em cada prova.»
A piscina não é a sua praia, mas nem por isso a nadadora de águas abertas perde a oportunidade de somar mais um título. Depois de um ano sabático, Angélica André está de volta e a julgar pelos primeiros sinais… Ainda recentemente foi quarta classificada na prova de elite do Oceanman, no Dubai; ontem venceu os 1500 metros livres. «É uma sensação boa, é sempre um título. Estive um ano sem competir, estou a voltar e nesta readaptação sentir estas velhas sensações como a ansiedade é sempre bom. Sou nadadora de águas abertas, mas competir em piscina é positivo para poder crescer cada vez mais», disse a nadadora do FC Porto, cuja única meta que traçou é voltar ao… topo. «Nesta primeira prova de águas abertas no Dubai nadei com atletas internacionais e de topo e deu para ter boas sensações, agora é voltar a competir, deixar tudo em todas as provas. Gostava de estar no europeu. É isso que ambiciono, mas claro se conseguir voltar a estar no top-10 e ganhar uma medalha ainda melhor», disse Angélica André que, sem promessas, disse apenas que vem com muita vontade de trabalhar, ela que foi bronze nos 10 quilómetros do Mundial de Doha (2024): «Um sonho? Não é bem um sonho, mas gostava de voltar outra vez ao ritmo que estava, mas sei que para isso preciso de trabalhar e competir para lá chegar. Mas venho ainda com mais vontade e sou uma nadadora que gosta muito de treinar para poder transferir isso para a competição”.

