Sábado 27 de Abril de 2024

“Se é para escrever que se escreva com alma”

COP_OITO_Capa_INCM_465x225mm_maquete“OITO – Os Jogos Olímpicos por dentro” é o livro que quem competiu em sete edições da maior competição multidesportiva do mundo como atleta – e assim se tornou no desportista português com mais participações – e que foi lançado na sede do Comité Olímpico de Portugal.

João Rodrigues, recém-eleito vogal da Comissão Executiva do COP e prestes a deixar o cargo de presidente da Comissão de Atletas Olímpicos, esteve em Tóquio 2020 nos seus oitavos Jogos Olímpicos, desta vez não para entrar numa das provas de Vela, mas para estrear uma função de adido olímpico, em proximidade com os atletas.

E foi no registo de participante-observador que assinou um diário que reflecte o seu olhar em relação à mais bem-sucedida passagem de sempre da Equipa Portugal por uns Jogos Olímpicos e agora ganhou a forma de livro.

Marco Alves, chefe da Missão de Portugal aos Jogos Olímpicos Tóquio 2020, o palco da acção, na apresentação do livro salientou que “a capacidade do João traduzir em palavras aquilo que são as suas histórias não é de agora. Mas o que me continua a surpreender é a forma como ele consegue fazer com que quem as lê se sinta parte delas. Existe um autor japonês, que ambos admiramos, que tem uma característica singular de contar histórias dentro das histórias sem que o leitor se perca no enredo principal. E aquilo que o João traduziu neste livro é exactamente essa capacidade. Perdoe-me o Murakami, mas em português resulta bastante melhor”.

João Rodrigues citou o escritor Jack Kerouac para caracterizar o impulso que o levou à escrita: “Se é para escrever que se escreva com alma. Se não, para quê escrever?”. E confessou que, antes de chegar a Tóquio, já conhecia o destino a dar à sua oitava experiência olímpica. “Eu sabia que queria partilhar a história, logo à partida.”

IMG_6274Neste projecto, o autor teve, no entanto, um momento particularmente difícil, desconhecido para quem sempre esteve envolvido na competição e desta vez a vivia por fora. “Como é que eu iria reagir às provas de vela? Curiosamente, dei conta de que andava a sabotar-me, e sempre que havia provas de windsurf eu não ia. E quando vi os meus antigos companheiros na água, não olhei. Não consegui.”

João Rodrigues considera “OITO” “uma homenagem a todos os atletas que foram a Tóquio e também aos que não conseguiram lá chegar. Porque por cada um que vai há sempre muitos que não conseguem. Por cada um que ganha uma medalha, há muitos outros, como eu, que não ganham.”

José Manuel Constantino, presidente do COP, agradeceu a João Rodrigues “o contributo dado à figura do atleta olímpico.” O modo peculiar como o autor viu Tóquio 2020 de fora do palco competitivo – estando dentro, noutro papel – levou o presidente do COP a escrever no prefácio: “Todos temos uma história e estórias para contar. Mas nem todos temos a capacidade de o saber fazer. Sobretudo através da escrita. O João Rodrigues tem essa capacidade. Já o havia demonstrado em anteriores iniciativas editoriais e confirma-o agora através desta espécie de diário de bordo com que nos presenteou ao longo dos Jogos Olímpicos de Tóquio.”

Para José Manuel Constantino, “OITO” é um conjunto de crónicas assinadas por “alguém para quem a vida vivida é para ser partilhada. Em que as experiências de vida não são marcos apenas na nossa existência, mas das quais podemos retirar ensinamentos úteis aos outros. E nisso o João usa as palavras com a mesma mestria com que maneja a prancha que fez dele uma lenda dos desportos náuticos.”

“OITO – Os Jogos Olímpicos por dentro” tem 210 páginas, edição do COP e impressão da Imprensa Nacional – Casa da Moeda.

 

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