Terça-feira 22 de Outubro de 0880

Francisco Laranjeira foi a grande figura nos Europeus de Atletismo para Surdos

Atl-Europeus-Surdos-24-08-2023

FPAtletismo

Depois da prata conquistada nos 10.000 metros, Francisco Laranjeira sagrou-se esta quinta-feira, também vice-campeão de 5.000 metros, nos Europeus de Surdos, que decorrem até ao próximo sábado, em Szczecin, na Polónia.

Com o quarto lugar de Hemilton Costa conquistado também esta quinta-feira e o 16º lugar de Abubacar Turé nos 100 metros, no segundo dia, esta é a melhor participação de sempre de Portugal nesta competição, num ano especialmente difícil pela não aprovação, até à data, e consequente não pagamento, das bolsas de apoio do IPDJ e do Comité Paralímpico respeitantes ao Projeto de Preparação Surdolímpica.

Depois de se sagrar vice-campeão de 10.000 metros no primeiro dia da competição, Francisco Laranjeira cumpriu a distância de 5.000 metros em 15.16,57s, recorde pessoal, voltando a ficar apenas atrás do sueco Otto Kingstedt, que arrecadou os dois títulos, com 14.51,92s, recorde dos campeonatos.

“Esta prova foi muito tática, mas consegui e correu bem. Fiquei feliz com os resultados obtidos, numa época que foi muito dura, tanto pelo facto de não ter o apoio do Projeto de Preparação Surdolímpica, como pela recuperação que tive de fazer de um acidente”, sublinhou Francisco Laranjeira.

Foi também este o balanço que fez o seu treinador, João Ferrão, que integrou a comitiva nacional: “O balanço desta participação é extremamente positivo. Acreditávamos que o Francisco pudesse lutar pelas medalhas, nas duas provas. Felizmente foi isso que aconteceu. Este foi um final feliz de uma história que começou mal, com o acidente sofrido em abril de 2022, que motivou a cessação dos apoios à sua preparação, por parte do Comité Paralímpico. Toda a época foi desenvolvida com o apoio da Federação Portuguesa de Atletismo [FPA], do seu clube – o Grupo Desportivo Diana –, e da sua família. Só assim foi possível continuar a trabalhar, em alguns momentos com muitas dificuldades, mas tentámos sempre fazer o melhor possível e hoje estamos muito orgulhosos por aquilo que conseguimos. Parabéns ao Francisco!”.

Para as contas finais entraram ainda as prestações de Abubacar Turé, a disputar a qualificação dos 200 metros, que já havia sido 16.º nos 100 metros; e de Hemilton Costa, no salto em comprimento. Os 200 metros não correram a Turé comos os 100 metros, sendo que o atleta não terminou a prova e, como tal, ficou afastado da final, que se realiza amanhã.

“Desisti nos 200 metros por estar a sentir-me maldisposto, mas o saldo desta minha participação é positivo, por ter voltado a fazer a marca de acesso ao Projeto de Preparação Surdolímpica, e que é uma motivação para continuar, sendo que desde 2021 não tinha apoios do Comité Paralímpico e espero agora voltar a ter”, referiu o atleta.

Com a desistência de Turé na qualificação dos 200 metros, a prestação lusa nestes campeonatos terminou com a participação de Hemilton Costa, na prova de salto em comprimento, com um quarto lugar a 6,57 metros, a sua melhor nesta temporada. “Hoje a competição foi boa, a melhor marca da época. Agradeço a toda a comitiva, amigos e treinadores do Porto e de Paris”, referiu o atleta.

Sobre a participação portuguesa nesta 11.ª edição nos Campeonatos da Europa de Surdos, o team leader desta delegação nacional, Carlos Veredas, afirmou que “tínhamos projetado conquistar uma medalha e foi possível obter duas, pelo Francisco Laranjeira, que bateu o seu recorde nos 5000 metros. De salientar ainda o quarto lugar de Hemilton Costa, que fez a sua melhor marca nesta temporada; e a prestação de Abubacar Turé nos 100 metros, que lhe permitiu obter marca para entrar no Projeto de Preparação Surdolímpica.”

Carlos Veredas aproveitou ainda a oportunidade para esclarecer que “os atletas têm tido apenas o apoio da Federação Portuguesa de Atletismo, dos seus clubes e das suas famílias, não havendo qualquer apoio nem do Comité Paralímpico de Portugal nem do IPDJ, visto que desde janeiro que esta última entidade não entrega o valor correspondente às bolsas destes atletas nem à FPA nem ao Comité Paralímpico”.

 

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