Heróis do Mar “amassaram” (46-28) o Chile e encerraram um Main Round reforçando a invencibilidade na competição, numa altura em que apenas Dinamarca e França também ainda não perderam, neste mundial em que a formação lusa tem comprovado que ainda há caminhos para desbravar para chegar, com classe, ao lugar ao sol que merece.
Assegurando o primeiro lugar do grupo do Main Round – que evita o cruzamento com a campeã em título na próxima fase – e reforçando um estatuto de invencível na competição, só ao alcance de dois campeões do mundo: Dinamarca e França. Este foi o jogo em que Portugal marcou mais golos num jogo em Campeonatos do Mundo e apenas a segunda vez em que houve mais de 40 golos marcados, depois da vitória contra a Austrália, por 42-20, em 2003.
Com um sete inicial formado por Diogo Rêma Marques, Leonel Fernandes, Martim Costa, Rui Silva, Francisco Costa, António Areia e Victor Iturriza, Portugal entrou em jogo de forma contundente, sob a forma de um parcial de 3-0 com os irmãos Costa em evidência. Aos quatro minutos, Victor Iturriza foi excluído e Portugal atravessou o primeiro período em inferioridade numa fase ainda madrugadora. Face aos acontecimentos, o jovem pivô Ricardo Brandão fez a estreia na partida, com a confiança no máximo, já que assinou um golo artístico logo a seguir.
O Chile aproveitou para reduzir a diferença para dois golos (4-2), mas acabou por voltar aos quatro (9-5) quando as duas equipas se encontraram em igualdade numérica, à chegada dos 10 minutos.
Aos 14’ foi a vez de Miguel Oliveira se estrear na partida e a diferença de quatro golos foi perdurando durante vários minutos, face à melhoria no ataque chileno, principalmente no capítulo da eficácia de remate. Portugal respondia com sucesso pleno no contra-golo.
Aos 17’ foi a vez de Salvador Salvador sair de cena por dois minutos, com Portugal a ter de reagir a mais um período em inferioridade e com Paulo Pereira a lançar João Gomes para a lateral direita, chegando-se aos 20’ com o marcador em 15-12.
Continuando a carregar no acelerador, Portugal passou aos 17-15, depois de alguns “solavancos”, que levou Paulo Pereira a pedir time-out para pedir intensidade aos Heróis do Mar, que corresponderam com um parcial de 4-1 para – finalmente – atingir os cinco golos de vantagem, margem essa que prevaleceu ao intervalo (22-17).
O Chile entrou melhor no segundo tempo e em cinco minutos reduziu para três golos, tirando o melhor partido de uma primeira situação de superioridade numérica, tendo Paulo Pereira sido obrigado a pedir novo time-out.
A reação portuguesa apareceu a um ritmo lento, mas assertivo e a diferença chegou aos seis golos (30-24), já dentro dos 20 minutos finais da partida, para tranquilizar a equipa e os muitos adeptos portugueses que marcaram presença na Unity Arena, em Oslo. Aos 45’ Ricardo Brandão dilatou a vantagem para 32-25 e o treinador do Chile pediu time-out.
No reatar do encontro, três faltas técnicas dos sul-americanos abriram caminho aos Heróis do Mar que, desta vez, dispararam em definitivo no marcador: a vantagem atingiu 12 golos (37-25) e houve nova paragem, aos 49 minutos. No reatar da partida, Portugal subiu mais patamares até aos 14 golos, tendo aumentado até final do jogo (46-28) face à facilidade com que a formação lusa dominou.
Até ao final, Portugal geriu o ritmo do jogo mas não abrandou na fuga e atingiu uma diferença de impressionantes 20 golos antes do soar da buzina. Com exceção dos guarda-redes, Diogo Rêma Marques e Gustavo Capdeville, e do pivô Luís Frade, todos os restantes atletas lusos marcaram pelo menos um golo, com destaque para os nove assinados por Francisco Costa para terminar com um 46-28 de se lhe tirar o chapéu.
Francisco Costa voltou a estar em “beleza” com mais um MVP & Top Scorer alcançado: – 9 golos (82% eficácia) e 2 assistências
Depois da partida, Paulo Pereira, selecionador nacional, salientou que “sabíamos que o Chile ia, pelo menos na primeira parte, lutar. Fizeram isso com todas as seleções, recordo que no início da primeira parte, com a Suécia, ainda estavam a dois golos de diferença. Para eles é algo novo poder estar no Main Round, foi histórico para o Chile, temos de respeitar isso e foi fantástica a forma como eles lutaram. Houve ali aquelas relações de passes com o pivô – que estávamos mais do que alertados para isso – mas em alguns momentos não conseguimos fechar a linha, eles desmarcam bem, têm bom os timings, são mesmo espetaculares nessa parte do jogo. Entretanto, na segunda parte, conseguimos acertar esse aspeto de fechar a linha para o pivô não correr, estivemos mais preocupados com esses tiros seis metros do que propriamente com tiros nove metros. Sabíamos que se estivéssemos bem nesta fase [contra-ataque], o jogo ia ser mais ou menos fácil ganhar ao Chile e acabou por ser.
Acho que é muito interessante ver estes países, o Brasil é o exponente máximo do que é a evolução que tem havido neste Continente e o Chile, oxalá que pouco a pouco, eles tenham mais meios para poderem fazer evoluir. É muito interessante ver estas equipas a fazerem com que o andebol seja também mais importante nos seus países.”
Evitando a Dinamarca nos quartos de final, o técnico referiu que “acreditaria que iríamos lutar pelos quartos de final e que era perfeitamente possível. Aliás, foi o objetivo que nós colocámos como primordial. Agora, que acabaríamos o “main round” em primeiro lugar, provavelmente isso seria difícil, tendo em conta o grupo com quem cruzámos e mesmo a fase preliminar, portanto, foi espetacular.”
Francisco Costa, o MVP de Portugal neste encontro, salientou que “sabíamos que o Chile ia entrar para este jogo com tudo, queriam sair daqui com uma vitória e tínhamos de estar preparados para isso. Na primeira parte não estivemos tão bem, mas fomos para o intervalo, acertámos pequenas coisas, voltámos e conseguimos defender bem e contra-atacar melhor”.
Ultrapassado mais um obstáculo, Portugal pode considerar-se como um candidato a “tudo” que ainda falta, desde que mantenha a atitude, a menta forte e o empenho tido até agora.
O novo desafio é nesta quarta-feira (RTP2) para defrontar a Alemanha nos quartos de final, com uma hora para decidir arriscar tudo para entrar nas meias-finais. Todos os metais estão a reluzir e, porque não, os mais valiosos possam estar no nosso ângulo de visão da estrada para lá chegar.
Os jogos dos quartos de final são os seguintes:
Terça-feira: Croácia-Hungria (18h) e França-Egipto (21h)
Quarta-feira: Dinamarca-Brasil (17h30) e Portuga-Alemanha (20h30, 19h30 em Portugal)