FP Ciclismo
Os portugueses Iúri Leitão e Ivo Oliveira conseguiram, em Glasgow, a quarta posição na corrida masculina de Madison da Taça da Nações, disputada com um ritmo e uma intensidade muito elevados, na qual se impôs a selecção de França.
A dupla nacional na disciplina olímpica de madison usou a táctica que vem sendo a imagem de marca de Portugal nas provas em que o país consegue os melhores resultados: uma entrada calma, sem ir ao choque, começando a fazer movimentações e ataques quando o cansaço já se vai acumulando no pelotão.
Foi a isso que se assistiu no Velódromo Sir Chris Hoy, ainda que os portugueses não tenham abdicado de pontuar no primeiro terço da prova, altura que 14 das 18 equipas fizeram o mesmo. Foi à entrada das últimas 100 voltas – a corrida teve 200, o equivalente a 50 quilómetros – que Portugal se juntou às selecções da França, Bélgica e Japão num ataque que deu às quatro duplas os 20 pontos correspondentes a uma volta de vantagem sobre o pelotão.
Daí em diante, Iúri Leitão e Ivo Oliveira mantiveram-se sempre activos, pontuando em vários sprints e batendo-se pelo pódio até à derradeira pedalada. Um ataque de Iúri Leitão a sete voltas do fim, depois continuado por Ivo Oliveira, deu a Portugal os dez pontos da vitória no sprint final. No entanto, o segundo lugar nesse sprint permitiu aos italianos Michele Scartezzini e Simone Consonni segurarem a medalha de bronze, com 49 pontos, mais cinco do que os amealhados por Portugal, que terminou na quarta posição.
A luta pelo ouro foi empolgante, entre os franceses Thomas Boudat e Benjamin Thomas e os japoneses Shunseke Imamura e Kazushige Kubiki. Os europeus levaram a melhor com 66 pontos, mais três do que os conseguidos pelos asiáticos.
Entretanto, Maria Martins esteve envolvida na disputa de uma competição olímpica, o concurso de Omnium. Numa lista de 24 participantes de grande nível, a corredora portuguesa foi 9ª no scratch, 15ª na corrida tempo e 9ª em eliminação.
A corredora olímpica chegou à prova final, a corrida por pontos, no décimo posto da geral de omnium. As 80 voltas à pista ficaram marcadas pelo abandono da primeira da geral. A britânica Katie Archibald caiu e já não regressou à prova, que chegou a ser neutralizada. Maria Martins fez algumas tentativas para se destacar do pelotão, mas não foi bem-sucedida, não conseguindo pontuar.
A representante de Portugal acabaria o concurso de omnium na 12ª posição, com 60 pontos. A desistência da campeã mundial foi bem aproveitada pela japonesa Yumi Kajihara, que venceu, com 101 pontos, mais dois do que a neerlandesa Maike van der Duin e mais quatro do que a belga Lotte Kopecky, que também subiram ao pódio.
Ivo Oliveira foi o primeiro português a entrar em pista na Taça das Nações (Glasgow-Escócia) e foi também aquele que obteve o melhor resultado: sexto lugar em perseguição individual.
O gaiense conseguiu um registo de 4.10,’702, o sexto melhor da fase de qualificação. Ivo Oliveira conseguiu o segundo melhor tempo nos três primeiros quilómetros da prova de quatro mil metros, mas perdeu posições no quilómetro final.
A maior surpresa chegou de França. Corentin Ermenault deixou a competição logo após o bronze nesta disciplina no Mundial de 2020. Em 2021 esteve em Portugal, no Campeonato do Mundo de Paraciclismo, como guia de um atleta cego.
Agora resolveu regressar ao ciclismo de pista e fê-lo como nunca antes. Bateu duas vezes o recorde pessoal. Foi o mais veloz na qualificação e ganhou a final, com 4.05,644. O alemão Nicolas Heinrich ficou com a medalha de prata e o britânico Charlie Tanfield com a de bronze.
Maria Martins competiu também no sector feminino da disciplina de eliminação. A corrida da portuguesa teve duas fases. Até serem eliminadas nove das 23 participantes, Maria Martins fez uma corrida segura, sempre bem colocada e no primeiro terço do pelotão. Quando restavam 14 ciclistas em pista, Maria Martins caiu na sequência de uma ultrapassagem mal medida pela japonesa Yumi Kajihara. O acidente acabaria por envolver cinco corredoras e a prova esteve mesmo interrompida para reparação da pista.
Após o reinício, Maria Martins denotou sempre mais dificuldade para se colocar, acabando por ficar na nona posição. Yumi Kajihara tiunfou, relegando a francesa campeã europeia da disciplina, Valentine Fortin, para o segundo lugar. A neozelandesa Ally Wollaston fechou o pódio.
João Matias arrancou bem no concurso de omnium, conquistando o sétimo lugar no scratch. A corrida foi bastante movimentada desde início, com o britânico William Perrett a lançar o primeiro ataque. Rapidamente, outros três corredores acabariam por se juntar à frente de corrida, com João Matias a integrar o grupo perseguidor, composto também ele por quatro corredores. Os dois grupos acabariam por se fundir, permanecendo na frente até às voltas finais. No sprint final, João Matias conseguiu uma boa colocação, o que lhe garantiu a sétima posição.
Na corrida tempo, o americano Gavin Hoover atacou logo no início, sem qualquer resposta do pelotão. O corredor acabaria por ser apanhado por um grupo de corredores que se isolou na frente da corrida e do qual fazia parte João Matias. Apesar de ter estado sempre entre os primeiros lugares do grupo, o corredor português teve dificuldade em somar pontos. No entanto, o facto de ter sido quarto no sprint final garantiu-lhe a 11.ª posição no final desta segunda prova e a sétima na classificação geral do concurso de omnium, com 48 pontos.
Seguiu-se a prova de eliminação, João Matias realizou uma corrida consistente, apesar de alguns sustos na fase inicial. Rapidamente viria a subir no grupo para uma posição mais segura, tendo terminado a prova no oitavo lugar, do qual viria a partir para a última corrida do concurso de omnium.
A corrida por pontos foi sempre muito equilibrada, com poucos corredores a conseguirem ter a oportunidade de dar uma volta de avanço. João Matias mostrou grande iniciativa em tentar somar pontos, marcando presença nos ataques que iam surgindo. Matias conseguiu somar dois pontos no primeiro sprint e um ponto no quarto, terminando a prova com um total de 77 pontos, na nona posição.
