A edição de 2025 dos Campeonatos Nacionais de Corta-Mato marca a 102ª edição da competição, uma das mais antigas e prestigiadas do atletismo português, sendo a 59ª vez que se realiza também na vertente feminina, desta vez para estrear/testar o percurso para o europeu deste ano.
A competição realiza-se em Lagoa (Algarve), nos dias 22 e 23 deste mês, na mesma pista onde algumas semanas depois (13 e 14 de dezembro) se realizarão os Campeonato da Europeus de Corta-mato. Aqui, avulta o facto de esta competição ser considerada o “test event” para os Europeus, com todo o enquadramento igual ao da competição internacional, inclusive com transmissão televisiva na RTP.
O campeonato Nacional reúne atletas de todos os escalões, de seniores a sub-23, dos juniores aos veteranos (estes terão os seus campeonatos na véspera, dia 22). Realizam‐se também os Campeonatos Nacionais de Atletismo Adaptado.
A primeira edição realizou-se em 1911, em Lisboa, onde se manteve até ao ano de 1936, embora com várias interrupções pelo meio (entre 1913 e 1922, por exemplo, a prova não se realizou). Ao longo de mais de um século, o campeonato já passou por dezenas de cidades, com destaque para a capital do País, mas também para o Porto, Guimarães ou Oeiras, que acolheram múltiplas edições graças às suas condições ideais para corridas de fundo em terreno natural.
O corta-mato, que ganhara contornos competitivos em Inglaterra ainda no século XIX, chegou, assim, em maio de 1911 pela primeira vez a Portugal por intermédio da Liga Sportiva e uma Comissão de Sports Athleticos, constituída por Cândido Silva, Augusto Sabbo e João Lopes de Figueiredo. A inscrição foi 2$50 escudos, por atleta individual, e 10$00 escudos, por equipa, o que representava um valor elevado para a época. Mesmo assim, a prova reuniu 48 participantes. Francisco Lázaro, atleta do Benfica, foi o vencedor em termos individuais, enquanto coletivamente a vitória coube ao SC Império.
Em 1967, a Federação Portuguesa de Atletismo decidiu promover a realização do primeiro campeonato nacional feminino, que se realizou também em Lisboa. Registou a presença de 17 atletas em representação de quatro clubes (Sporting, Benfica, Sporting de Espinho e Santa Clara). A prova decorreu num circuito de uma volta de 1500 metros, onde a benfiquista Manuela Simões cortou a meta em primeiro lugar.
Os Campeonatos Nacionais de Corta-Mato são um espaço de contacto entre jovens talentos e atletas consagrados. A última edição teve lugar em Guimarães, na Pista Gémeos Castro, e consagrou Miguel Moreira (Benfica) como campeão masculino absoluto e Mariana Machado (Sporting Braga) como campeã nacional feminina absoluta (a queniana Grace Nawowuna, do Sporting, no entanto, foi quem venceu a corrida). Coletivamente, o Benfica venceu em masculinos e o SC Braga em femininos. Já Sporting dominou coletivamente várias categorias de juniores.
Lagoa 2025 promete, assim, continuar a tradição, unindo história e renovação do corta-mato em Portugal.
Mais informações (regulamento, programa-horário e histórico da competição) na página oficial dos Campeonatos Nacionais de Corta-mato. As inscrições estão abertas no portal FPA Competições, para os nacionais seniores, sub-23, sub-20, sub-18 e sub-16 (competição no dia 23 de novembro), e também para os nacionais de veteranos, no dia 22 de novembro.
Federação de Atletismo a cumprir 104 anos de vida
A Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) celebrou (5 deste mês) o 104º aniversário. A primeira entidade oficialmente constituída sob o nome Federação Portuguesa de Sports Atléticos remonta a 1921, tendo sido fundada com o contributo pioneiro de clubes como Sporting CP, SL Benfica, CIF, e outros, após várias reuniões preparatórias “nas salas do jornal A Capital” e no Ateneu Comercial de Lisboa.
Durante cerca de cinco anos a modalidade esteve praticamente inativa antes de se consolidar este organismo representativo. Em 1929 adotou o nome que mantém até hoje: Federação Portuguesa de Atletismo.
Para o atual presidente da FPA, Domingos Castro — antigo atleta olímpico e profundo conhecedor do atletismo — esta efeméride tem um significado especial:
“A nossa Federação Portuguesa de Atletismo celebrou 104 anos. Para mim, que vivi esta paixão primeiro como atleta e agora como presidente, o atletismo é mais do que um desporto, é uma forma de vida… Desde 1921, a Federação tem sido o coração desta grande família, feita de atletas, treinadores, clubes, dirigentes e todos os que acreditam na força do esforço e da superação… Parabéns a todos os atletas, treinadores, clubes, associações, a todos que fazem parte desta grande família. Juntos, continuamos a correr por Portugal e pelo futuro do atletismo.”
A FPA continua a afirmar-se nos dias de hoje como referência no panorama nacional: dos seus filiados aos clubes, do atleta ao dirigente, todos fazem parte de uma história em evolução.
Num percurso rico, o atletismo tem sido decisivo para colocar o desporto português no mapa internacional com um legado que se prolonga e renova.
É neste contexto de celebração que a FPA preparou o próximo calendário competitivo nacional e também a organização dos Campeonatos da Europa de Corta-Mato, em Lagoa, Algarve, a 14 de dezembro, evento que trará a Portugal a nata do atletismo europeu nesta disciplina.
Hoje, a FPA reafirma o seu compromisso com o presente e o futuro da modalidade com clubes, atletas, treinadores e toda a estrutura a trabalhar em conjunto, com metas ambiciosas e a convicção de que juntos será possível Mais Atletismo”.


