Sábado 15 de Novembro de 2025

Carlos Lopes distinguido, finalmente, com a Ordem Olímpica Nacional

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COP

O que foi o primeiro campeão olímpico do desporto português, que deu corpo e alma à “revolução” preparada pelo Prof. Mário Moniz Pereira, só este ano é que recebeu a Ordem Olímpica Nacional, algo que nunca lhe tinha sido atribuída.

Com o devido relevo que se deve a todos os que, até esta quinta-feira, justificaram a atribuição, pelo COP, deste título, o mais importante da escala nacional no âmbito do seio olímpico, estranha-se a situação, louvando-se quem teve a ideia de, neste dia, repor a falta, o que se verificou no decorrer da Celebração Olímpica de 2025, promovida pelo COP e que contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Recorde-se que Carlos Lopes tinha sido consagrado com uma Menção Honrosa (1971) e conquistado (1973) a ainda Medalha Olímpica Nobre Guedes, que em 2022 passou a ser o Prémio Excelência Desportiva.

A cereja em cima do bolo, há muito devida, foi concluída muitos anos depois da conquista da prata nos Jogos Olímpicos (1976), dos três ouros (1976, 1984 e 1985) como campeão mundial de corta-mato, terminando a carreira (1985) com o recorde mundial da maratona (2.07.12) que perdurou por muito tempo.

Os campeões do Mundo de Atletismo (2015), Isaac Nader (1500m) e Pedro Pichardo (triplo salto), e da Canoagem, Gustavo Gonçalves, João Ribeiro, Messias Baptista e Pedro Casinha (K4 500m), receberam o Prémio de Excelência Desportiva.

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Celebração Olímpica

Os distinguidos foram:

- Prémio Educação Olímpica – Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra, prémio destinado a reconhecer o trabalho desenvolvido no âmbito da Educação Olímpica, por entidades de ensino ou desportivas que estejam integradas na rede do Programa de Educação Olímpica (PEO) do COP ou outras entidades que tenham contribuído para a implementação de projetos e atividades de promoção da Educação Olímpica.

Desde 2019 que o premiado deste ano está associado ao COP na promoção do PEO junto dos estudantes de mestrado em ensino em Educação Física nos ensinos básico e secundário.

Já foi ultrapassada a marca dos 300 estudantes da FCDEF e professores estagiários que conheceram a metodologia do PEO e colocaram em prática atividades que abrangeram milhares de crianças e jovens envolvidos nos diversos projetos anuais implementados.

- Prémio de Investigação Científica – Centro de Investigação em Ciências do Desporto, Saúde e Desenvolvimento Humano, prémio de Investigação Científica que visa reconhecer investigadores que tenham tido carreiras de excelência ou prestado contributos científicos de extraordinário valor nos diversos domínios das ciências do desporto.

Este ano premiou-se uma unidade de investigação científica dedicada ao estudo interdisciplinar das Ciências do Desporto, exercício físico, saúde e desenvolvimento humano. Integra 150 membros distribuídos por duas unidades de investigação – HEARTH, na vanguarda da investigação da viabilidade e eficácia do exercício físico com foco no envelhecimento saudável e em doenças crónicas; e ELITE, que lidera avanços em metodologias de treino, tecnologias de ponta e abordagens pedagógicas para melhorar o desempenho desportivo de jovens e elite. O CIDESDE é liderado pelo professor doutor Daniel Marinho.

- Prémio José Manuel Constantino – Bastinhos Escola Clube de Andebol de Celorico de Basto, prémio que foi criado para preservar o legado de uma das maiores personalidades associadas ao desporto e distingue, anualmente, um clube desportivo que se evidencie pela qualidade e continuidade do trabalho desenvolvido no desporto de base.

O clube premiado promove a prática desportiva em contexto escolar e federado, sendo um modelo inspirador de desenvolvimento desportivo e humano.

Fundado em 2012, tem como missão proporcionar a prática desportiva de forma gratuita e acessível a todos os jovens do concelho, em articulação com o agrupamento de escolas. Desde o 1º ciclo até ao secundário, estão envolvidos mais de 250 alunos, mantendo um equilíbrio notável entre o desempenho desportivo e o sucesso académico, refletindo uma filosofia de formação integral do jovem atleta.

- Prémio Juventude – Jéssica Rodrigues e Francisco Costa, prémio que se destina a premiar os atletas masculino e feminino de escalões jovens, que mais se tenham distinguido na obtenção de resultados de excelência em competições internacionais ao mais alto nível desportivo.

Jéssica Rodrigues fez história em 2024, com a conquista do primeiro diploma olímpico em modalidades de inverno, fruto do 6.º lugar na prova de “mass start” dos Jogos Olímpicos da juventude Gangwon 2024. Em fevereiro deste ano voltou a fazer história, ao conquistar o título mundial júnior de Patinagem de velocidade no gelo, também em “mass start”. Além disso, garantiu recentemente o apuramento para as Taças do Mundo sénior e, aos 19 anos, vai iniciar a competição no circuito com o objetivo maior de conseguir a qualificação para os Jogos Olímpicos de Inverno Milão-Cortina 2026.

Francisco Costa foi o maior goleador da seleção nacional no último mundial de Andebol e o melhor marcador português de sempre numa única edição da prova. Foi eleito, também no mundial deste ano, o “melhor jogador jovem”. Aos 20 anos afirma-se tanto no coletivo nacional sénior como no seu clube.

- Prémio de Ética Desportiva – Manuel Sérgio, prémio se destina a distinguir ações relevantes em prol dos princípios e valores da ética no desporto, suscetíveis de constituir exemplos virtuosos e pedagógicos.

Manuel Sérgio deixou à Academia um novo pensamento para a Educação Física e Desporto, estando a sua tese de doutoramento na génese da Faculdade de Motricidade Humana, criada primariamente como Instituto Nacional de Educação Física e que depois passou a Instituto Superior de Educação Física. Foi Provedor da Ética no desporto, comendador da Ordem de Instrução Pública, autor e coautor de dezenas de livros e artigos. Faleceu em fevereiro deste ano, perto de completar 92 anos.

- Prémio de Mérito Desportivo – Paulo Jorge Pereira e Rui Fernandes, distinção que é concedida a quem tenha prestado relevantes serviços ao Movimento Olímpico e, em 2025, serão reconhecidos dois agentes desportivos que acompanharam o processo de desenvolvimento das suas modalidades, culminando com a obtenção de lugares de relevo em 2025.

Paulo Jorge Pereira (treinador de Andebol) tem nas suas mãos, há quase dez anos, os destinos da seleção nacional. Foi sob a sua batuta que foram atingidos os melhores resultados em competições internacionais – 6º lugar no Europeu 2020, 4º lugar no Mundial 2025 e ainda a qualificação para os Jogos Olímpicos Tóquio 2020.

Rui Fernandes (treinador de Canoagem) é o obreiro de muitos dos pódios que emocionam o País, em todos os escalões. Os seus atletas descrevem-no como “o primeiro que acredita”. Apesar de tudo, forjou campeões do Mundo, campeões da Europa, de sub-23 a seniores, entre embarcações K2 e K4.

- Prémio Prestígio – Ticha Penicheiro, prémio que visa homenagear agentes desportivos pela excelência, notabilidade e prestígio das suas carreiras, bem como os feitos, contributos ou serviços prestados, de excecional valor e importância, em prol dos fins e atribuições do Comité Olímpico de Portugal.

Ticha Penicheiro começou a carreira de basquetebolista no Ginásio Clube Figueirense, passou pela União Desportiva de Santarém e aos 20 anos passou para o desporto universitário dos Estados Unidos da América. Quatro anos depois estava na WNBA, como “rookie, iniciando assim a sua caminhada de sucesso. Em 2005 conquistou o título de WNBA com as Sacramento Monarchs e, no total de 15 épocas que passou neste campeonato, jogou ainda com as camisolas das Los Angeles Sparks e das Chicago Sky.

Esteve por quatro vezes no WNBA all-star e por duas ocasiões integrou a equipa ideal da WNBA. Pela seleção nacional realizou mais de 100 partidas, terminando a sua carreira em 2012. Recebeu a Medalha Olímpica Nobre Guedes, atribuída pelo COP, em 1997, e foi condecorada pelo Presidente da República com o grau de oficial da Ordem do Infante Dom Henrique em 2005, tendo sido, em 2019, elevada a comendadora da Ordem do Infante Dom Henrique. Este ano integrou o FIBA Hall of Fame, distinção da Federação Internacional de Basquetebol para os jogadores e jogadoras com contribuição significativa para a modalidade.

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- Prémio de Excelência Desportiva – Patrícia Sampaio (Judo), Pedro Pichardo e Isaac Nader (Atletismo), Gustavo Gonçalves, João Ribeiro, Messias Baptista e Pedro Casinha (K4, Canoagem).

Este é o prémio que habitualmente distingue o melhor atleta masculino e feminino do ano, que tenha acumulado resultados de excelência e um exemplar espírito desportivo.

Patrícia Sampaio subiu por cinco vezes ao pódio no ano de 2025. Começou a vencer o Grand Slam de Paris, continuou no pódio no Grand Slam de Tbilisi, mas brilhou ainda mais com o título europeu conquistado em abril. Em junho foi 3ª classificada no Mundial e depois ainda venceu o Grand Slam de Ulanbatar. Compete no próximo fim-de-semana no Grand Prix de Zagreb, numa altura em que é líder do ranking mundial de -78 kg.

Pedro Pichardo voltou ao estádio de Tóquio, onde se sagrou campeão olímpico em 2021, para arrebatar uma emocionante medalha de ouro na final do concurso de triplo salto no campeonato do Mundo de Atletismo, este ano. Com dois ouros em mundiais, juntando este ao conquistado em 2022, tornou-se o primeiro a ter dois primeiros lugares em mundiais de atletismo no que diz respeito a disciplinas olímpicas.

De registar que Pedro Pichardo recebeu o troféu em 2021, 2022 e 2024.

Isaac Nader, depois do 3º lugar no Europeu de pista curta, no início do ano, apresentou-se no Mundial de Atletismo ao ar livre para uma corrida que parou o País, vista e revista vezes sem conta, tornando-se campeão do Mundo de 1500 metros.

Gustavo Gonçalves, João Ribeiro, Messias Baptista e Pedro Casinha sagraram-se, a 21 de junho, campeões da Europa e cerca de um mês depois, a 22 de agosto, tornaram-se campeões do mundo, surpreendendo a Europa e o mundo, ao afirmarem-se como a melhor embarcação mundial em 2025.

- Ordem Olímpica Nacional – Carlos Lopes, prémio que distingue uma personalidade de elevado nível e público reconhecimento, por relevantes serviços prestados ao Movimento Olímpico, por resultados excecionais a nível internacional ao longo da sua carreira, por ter participado na direção, organização e promoção do desporto a nível nacional e internacional, tendo granjeado respeito e admiração da comunidade, ou ainda por ter atuado de forma altruísta e extraordinária em benefício do desporto português.

Carlos Lopes tem um currículo desportivo extenso e recheado de vitórias e conquistas, o que lhe valeu várias distinções de várias entidades, inclusive a Ordem Olímpica Nacional do COP.

Para Fernando Gomes, presidente do Comité Olímpico de Portugal, “esta é uma noite de gratidão. Gratidão aos que deram o seu melhor nas competições que disputaram, nos tatamis, nas piscinas, nos relvados e em tantos outros palcos internacionais; gratidão aos treinadores que exigem excelência e cuidam diariamente dos seus atletas; gratidão aos dirigentes e aos clubes que, muitas vezes com poucos meios, fazem acontecer o sonho de competir ao mais alto nível; e gratidão a todos os que, nos bastidores, trabalham pela dignificação e elevação do desporto.”

“Vivemos, desde o início do ano, uma época particularmente auspiciosa, já que este ano Portugal regista os melhores resultados anuais em Mundiais. Sucessos que não são um acaso, mas antes a confirmação do impacto do trabalho e investimento realizados, de planeamento e de dedicação que envolve clubes, federações, treinadores, famílias, entidades públicas e privadas. Mas, acima de tudo, são a prova de que quando temos condições adequadas – formação, ciência, infraestruturas e apoio multidisciplinar – os nossos atletas correspondem com excelência.”

Miguel Nascimento, secretário-geral da Comissão de Atletas Olímpicos, referiu que “vivemos um tempo de renovação. Um novo ciclo começa para muitos dos aqui presentes. E com ele surge uma nova energia, uma nova responsabilidade e, acima de tudo, uma nova oportunidade de fazer melhor. Este é o tempo de reafirmar o essencial: o compromisso com aquilo que verdadeiramente dá sentido ao movimento olímpico – os atletas.”

“Mantenham o foco no desempenho, na superação, no sonho. O resto, podem confiar — há quem esteja aqui para garantir que as vossas vozes sejam ouvidas, que as vossas necessidades sejam respeitadas, e que o vosso percurso, dentro e fora da competição, seja acompanhado.”

Pedro Dias, secretário de Estado do Desporto, aproveitou para salientar que “esta é uma noite em que prestamos homenagem a tantos que fazem do desporto uma bandeira de Portugal. Permitam-me, por isso, começar por um agradecimento sentido aos nossos atletas, que dão corpo e alma ao sonho português em cada treino, em cada competição, em cada vitória e, sobretudo, em cada recomeço.”

“Deixo ainda uma palavra muito especial ao Comité Olímpico de Portugal pelo trabalho incansável, pela dedicação constante, e por ser um exemplo para esta família, colocando o foco na melhoria contínua, na qualidade dos processos e na qualidade do serviço prestado ao alto rendimento desportivo.”

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tinha guardada para a Celebração Olímpica do COP uma surpresa: a entrega de condecorações oficiais aos campeões do Mundo, Pedro Pichardo, Gustavo Gonçalves, João Ribeiro, Messias Baptista e Pedro Casinha, e aos campeões olímpicos Carlos Lopes e Iúri Leitão, presentes na sala.

Marcelo Rebelo de Sousa teve uma declaração emotiva sobre o Movimento Olímpico: “É progressista, defende o universalismo, o diálogo, é contra a xenofobia, é a favor do multilateralismo, é a favor da projeção de Portugal no Mundo. Viva o espírito Olímpico! Viva Portugal!”, concluiu.

Fernando Gomes, a concluir, manifestou ao Presidente da República “profunda gratidão” por estar associado aos desígnios do desporto e ofereceu-lhe uma lembrança.

 

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