Terça-feira 25 de Novembro de 2025

Margarida Silva consagrou-se campeã surdolímpica dos 5.000 metros, soma 3 medalhas

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Erika Ikeda / CPP

Pouco mais de 24 horas depois do ouro conquistado nos 800m, a atleta lusa voltou a alcançar outra medalha de ouro, desta vez nos 5.000 metros, onde estabeleceu também uma nova marca pessoal, ao correr a distância em 17.26,23 minutos, confirmando a garra competitiva lusitana.

Em três provas conquistou três medalhas, naquela que é uma participação histórica nos Jogos Surdolímpicos Tóquio 2025, nos quais se estreou e arrebatou todas as atenções de uma forma global, tal a superação demonstrada, a roçar uma transcendência precisamente na primeira competição a este nível mundial.

A medalha soma-se à prata alcançada nos 1.500 metros e ao ouro ganho, na véspera, nos 800m, consolidando Margarida como uma das grandes figuras do atletismo surdolímpico. Numa prova que não foi excessivamente rápida, Margarida Silva deu nova demonstração de inteligência e de extraordinária de resiliência.

A atleta (25 anos) geriu sempre os ritmos, atacando à entrada para os últimos 100 metros para ultrapassar a queniana Viola Jelimo, que andara sempre na frente e que terminou no 3º lugar com 17.26,83 minutos, e a neutral Iuliia Abubiakirova, prata, com 17.26,78 minutos.

Com a medalha ao peito, a atleta deixou a visão da prova, afirmando que “diverti-me imenso! A prova em si foi feita para mim e para a Iuliia [Abubiakirova], porque sabíamos que a prova era nossa a partir do momento em que era muito lenta. Mas a verdade é que tivemos uma atleta que partiu relativamente à frente [Viola Jelimo] e quando eu e ela estamos naquela disputa pelo 2º lugar, percebemos que isto não é o 2º lugar pode ser eventualmente um 1º. Portanto, quando me apercebi disso, acho que ainda ganhei mais energia e acabei por ir para a frente e, pronto, foi o que foi. Desta vez não chorei, porque, confesso, que não era uma medalha que estivesse à espera. Sabia que era possível ficar no top 3, mas nunca uma medalha ouro. E, portanto, achei o momento um bocado caricato porque sabia e sei que há atletas que vinham para aqui com marcas extraordinárias e que poderiam sobressair”.

Adiantou ainda que “creio que qualquer atleta, quando vem competir, tem de contar ganhar e, portanto, todos nós sonhamos com medalhas. Mas acho que ainda vou ter tempo para assimilar tudo o que aconteceu aqui, quando chegar a Portugal e assentar as ideias”.

Mas foi explícita ao referir também que “a partir do momento em que se ganha uma medalha, sendo uma atleta surda e tendo uma história por trás, acredito que a minha história pode, de certa forma, inspirar outras pessoas. Eu sou surda, sempre fui toda a vida e sempre tive muita vergonha de assumir essa condição. Portanto, acho que é para mim uma oportunidade também de dizer às outras pessoas que está tudo bem. Isto é incrível!”

Com este ouro, Portugal aumenta para seis o número de medalhas conquistadas nestes Jogos, ultrapassando as quatro medalhas conquistadas em Taipé 2009 e Caxias do Sul 2022.

A judoca Joana Santos garantiu o ouro em -57kg, Margarida Silva sagrou-se campeã surdolímpica em 800m e 5.000m e conquistou a prata nos 1.500m, André Soares foi prata no Contrarrelógio e bronze na prova de pontos.

Os atletas nacionais garantiram também nove diplomas.

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Erika Ikeda / CPP

a final da légua masculina, Francisco Laranjeira bateu recorde pessoal e alcançou o 4º lugar nos 5.000 metros nos Jogos, tendo o atleta elvense feito a corrida em 14.59,34 minutos, baixando dos 15.16,34 que detinha, objetivo que há muito perseguia.

Numa corrida com ritmo elevado e dominada pelos quenianos Ian Wambui (ouro, com 13.52,83, novo recorde do mundo), James Mwanza (prata, com 14.15,28) e Nelson Rotich (bronze, 14.43,35), Francisco demonstrou maturidade tática, inteligência na gestão do esforço e enorme capacidade de superação.

Francisco referiu que “estou muito feliz com o 4º lugar, foi como se tivesse ganho uma medalha. Depois de épocas difíceis estou muito feliz. E consegui novo recorde pessoal, não podia pedir melhor. Significa muito, porque queria baixar dos 15 minutos há muito tempo e consegui”, salientando ainda que depois do atropelamento que o afastou dos Jogos de Caxias do Sul conseguiu vencer as adversidades e apresentar-se em Tóquio ao melhor nível.

Na final do Salto em comprimento, Hemilton saltou 6,56 metros na 1ª tentativa, não conseguindo depois melhorar a marca e classificando-se no 10º lugar.

Na Natação, Tiago Neves nadou os 100m Mariposa em 59,70 segundos, nos 1500m Livres, Miguel Cruz classificou-se em 9º com 17.50,14 minutos e Ricardo Belezas foi 12º com 18.21,36 minutos.

Portugal fecha esta terça-feira a competição, com Ricardo Gomes a correr a Maratona e, na Natação, Tiago Neves a nadar os 100m Bruços e os 200m Mariposa.

Por trás de cada atleta, há famílias e amigos que nunca desistem. Que seguram, que inspiram, que acreditam sempre. São a força silenciosa que os acompanha em cada passo e em cada sonho.

A Maratona não é apenas uma prova. É um percurso de vida, uma metáfora de tudo o que exige paciência, dor, foco, determinação e querer. São 42 km de luta, e cada um deles encerra uma história.

Ricardo Gomes sabe o peso e a beleza deste caminho como poucos. A estrada ensinou-lhe resiliência. O vento ensinou-lhe humildade. A solidão dos treinos longos ensinou-lhe a conversar consigo.

Mas mesmo quando corre sozinho, nunca está só. Ele corre porque acredita e porque sente atrás de si o impulso invisível de quem o ama. Cada passada é um agradecimento. Cada meta é partilhada. Ele leva consigo todos os que fazem parte da sua história. E, no fim, quando cruza a meta, cruzamos todos com ele

A Missão Portuguesa tem chegada prevista ao Aeroporto Humberto Delgado na próxima sexta-feira, dia 28, às 10 horas.

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