Quarta-feira 08 de Maio de 2024

Naide Gomes no adeus… Em Setembro serei mãe!

Campeonato Portugal Atletismo 2008#

© JCMYRO / JCSERV

Que Naide – “farta” de lesões desde 2012, estando a sofrer entre fases relativamente boas e menos boas – estava na disposição de terminar a carreira, não era novidade para os mais chegados e para alguns amigos que ela considerou de “especiais”.

Mas o “próximo salto”, que se anunciava no convite, não dizia respeito, em concreto, a este tema, quiçá porque muita gente já disso fazia ideia, porquanto a campeã mundial e europeia desde há dois anos que praticamente se “deixou de ver”, em termos competitivos.

Afinal, o “próximo salto” tem a ver com a condição de ser mulher: em Setembro será mãe.

Esta a notícia algo, inesperada, que Naide deu a conhecer a Portugal – e naturalmente ao mundo do atletismo – tendo referido que está de 15 semanas e, provocada pelo “pivot” quanto ao motivo que a levou a engravidar, Naide, com a simplicidade e naturalidade que a caracteriza, salientou meio a brincar, que “acho que foi por causa da Jéssica Augusto, que me incentivou”, recordando-se que Jéssica também está grávida.

Face às consecutivas maleitas, Naide salientou que “entendi, e o meu namorado também, que era altura de, aos 35 anos e com um horizonte curto em termos de vida desportiva, avançarmos neste novo salto”. Um “salto” que desta vez será deito no masculino, porque está à espera de um rapaz, que se juntará À menina que a irmã viu nascer ainda não há muito tempo.

Pelo meio ficaram os agradecimentos a todas as pessoas que considerou importantes na sua vida – maioritariamente presentes na sala – em especial ao seu treinador de sempre que, sentado a seu lado, ouviu os elogios que a pupila fez porque, “se não fosse o professor Abreu Matos, naquela altura não chegaria muito longe”.

Abreu Matos, o técnico das horas boas e menos boas, estava embevecido e, também provocado, salientou que uma das histórias havida com a Naide foi a de lhe dizer que se ela batesse o seu recorde pessoal no salto em comprimento (7,09) cortaria o bigode (que tinha desde os 20 anos de idade). E teve mesmo que o cortar quando a Naide chegou aos 7,12 que ainda hoje é o recorde nacional, sendo também a primeira e única portuguesa a ultrapassar os sete metros.

Recordou que a primeira medalha conquistada foi a mais importante, porque “deixou uma marca inolvidável dentro de mim, que não esquecerei mais”, que foi a prata conquistada no europeu de pista coberta, em 1 de Março de 2002, em Viena (Áustria), no pentatlo, que correspondeu à 141ª medalha alcançada pelo atletismo português, desde que Carlos Lopes, em 28 de Fevereiro de 1976, conseguiu a primeira medalha de ouro no mundial de crosse, em Chepstow.

Para a história de Naide, ficam ainda as medalhas conquistadas no mundial de pista coberta, em 5 de Março de 2004 (ouro no pentatlo) em Budapeste; no europeu de pista coberta (ouro no comprimento) em Madrid no dia 5 de Março de 2005; no mundial de pista coberta (bronze no comprimento, com 6,76) em Moscovo, no dia 12 de Março de 2006; no europeu de pista ao ar livre (prata no comprimento com 6,84) em Gotemburgo no dia 13 de Agosto de 2006; na taça do Mundo ao ar livre (prata no comprimento com 6,68) em Atenas no dia 17 de Setembro de 2006; no europeu de pista coberta (ouro no comprimento, com 6.89) em Birmingham a 4 de Março de 2007; no mundial de pista coberta (ouro no comprimento com 7.00) em Valência a 9 de Março de 2008; no mundial de pista coberta (prata no comprimento, com 6,67) em Doha a 14 de Março de 2010; no europeu de pista ao ar livre (prata no comprimento com 6,92) em Barcelona a 28 de Julho de 2010 e a última no europeu de pista coberta (prata no comprimento, com 6,79) em Paris a 6 de Março de 2011, esta já na condição de lesionada e que perdeu o ouro por um centímetro. Depois o calvário. Até hoje. Já partiu para outro salto. Que seja feliz.

Aliás, já o está, mas ficará ainda mais em Setembro. Jurou amor eterno ao namorado, e a partir de agora a vida é outra.

Uma atleta de excelência em todos os aspectos de um ser humano que merece estar no pedestal mais alto do desporto nacional.

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