Sexta-feira 19 de Setembro de 2025

Ecos do ouro alcançado por Nader e Pichardo na final do triplo nos Mundiais de Tóquio

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FPA / Sportmedia

O eco da conquista da medalha de ouro por parte de Isaac Nader continua a dar a volta ao mundo. Lusófono e não só. Ser segundo classificado numa Vuelta, que é uma das três melhores do mundo, não é para todos. Ser campeão dá muito trabalho. Como diria o Mestre Moniz Pereira.

Triunfo que foi alcançado apenas por dois centésimos, o que diz bem da luta tenaz nos últimos noventa metros, quando foi preciso dar à perna, manter os pulmões em pleno e dar “gás” ao coração para aguentar a emoção de estar a correr para os píncaros mais altos do mundo desportivo, em especial pelas imagens que aqui se revelam!

Na Praça das Medalhas, situada na entrada principal do Estádio Nacional do Japão, num palco multimédia, o português Isaac Nader fez ouvir “A Portuguesa” nos Campeonatos Mundiais de Tóquio 2025.

Isaac Nader foi para a cerimónia junto de Salomé Afonso e do seu treinador Enrique Pascual. Nos bastidores foi preparando o momento. Duas cerimónias a antecederem a dos 1500 metros e finalmente Isaac Nader sobe ao palco e recebe a medalha das mãos do presidente da World Athletics, Sebastian Coe, também ele uma antiga figura na distância (bicampeão olímpico). E, depois, o hino nacional e as bandeiras desfraldadas (agora eletronicamente).

“É um sonho de criança. Tive de me controlar um pouco, não queria chorar, não é muito a minha forma de estar, mas não se explica. A medalha de ouro permite ouvir o hino nacional, no futebol ouve-se no início do jogo, nós só ouvimos se ganharmos”, salientou o campeão ao site da FPA.

Desafiado sobre o sentir-se campeão, sentir o hino e subir ao degrau mais alto do pódio se o deixa com mais ânimo para vir a escutar o hino como campeão olímpico, Isaac Nader afirmou que “a vontade é a mesma. Ser campeão olímpico é o meu maior sonho, pode acontecer ou não, mas tudo farei o que estiver ao meu alcance para concretizar esse sonho”.

Praticamente sem dormir, recebendo mensagens de todo o lado, a quem ainda não respondeu em conformidade, Isaac deixou a zona mista, mas à saída tinha dezenas de fãs a pedir para tirar selfies ou para um simples autógrafo.

Ainda as emoções do pódio não estavam passadas e já Mariana Machado estava a correr na segunda meia-final dos 5000 metros, terminando no 20º lugar (39ª entre as 40 que terminaram a prova), com 15.39,61.

No final da prova, Mariana Machado salientou que “saio daqui insatisfeita, triste, desiludida, foi uma época difícil, apesar de ter começado de uma forma muito boa, ter batido recorde nacional dos 10 km, ter baixado dos 15 minutos aos 5000 metros. Depois passei por uma cirurgia, uma apendicite, passei o mês de junho sem treinar, estava num momento de forma muito em baixo, tentei ao máximo melhorar, estou há dois meses fora de casa, fiz um estágio de altitude, para tentar melhorar a minha forma o máximo possível. Esse período não foi suficiente, senti falta de ritmo, nunca entrei na corrida”, notando que “este foi apenas um dia mau”, sai do Japão ainda com mais vontade para trabalhar.

Mariana também cumpriu o estágio de aclimatação em Oita e já está há umas semanas no Japão. “Gostei de estar no Japão, tenho muito boas memórias do continente asiático. Foi na China que me tornei campeã do Mundo Universitária, baixei pela primeira vez dos 15 minutos, ambicionava aqui no Japão de voltar a baixar dos 15 minutos, o povo japonês é muito acolhedor, fomos muito bem recebidos, sou muito grata pela forma como esta organização tem gerido este Campeonato do Mundo e peço desculpa se alguma vez fui mal interpretada por alguma atitude minha, mas estou a gostar muito desta cultura, do ambiente, e sem dúvida é um país ao qual desejo voltar”.

Atl-Mundial-Toquio-Pichardo-10-09-2025

DR

Esta sexta-feira é o dia de Pedro Pichardo, o campeão mundial em 2024, na final do triplo-salto, que se realizará às 12h55 (hora portuguesa) – atleta que tem o recorde pessoal de 18,08 e 17,09 como o melhor neste ano, na prova de qualificação deste mundial.

Os portugueses podem acompanhar estes Campeonatos através da RTP 2 e RTP Play, com a transmissão em direto, com os resultados a serem publicados na página da World Athletics.

Outros destaques

Quatro anos depois de fazer história nas barreiras nesta pista, Sydney McLaughlin-Levrone adicionou o seu nome aos livros de recordes novamente, desta vez ao vencer os 400m femininos no Campeonato Mundial de Atletismo de Tóquio 25, com um recorde do campeonato de 47,78.

A sua corrida aconteceu momentos depois de Collen Kebinatshipi alcançar uma estreia histórica para o Botsuana nos 400 m masculinos, tornando-se o primeiro campeão mundial de seu país numa prova masculina.

Noutro lugar no sexto dia do campeonato, Keshorn Walcott retornou ao topo do pódio global para levar o título do dardo (masculino), enquanto o cubano Leyanis Perez Hernandez derrotou o atual campeão Yulimar Rojas e a campeã olímpica Thea Lafond para vencer o triplo salto feminino.

 Keshorn Walcott

World Athletics championship -Tokyo 2025

Como esperado, os 400 m femininos foram disputados a três entre McLaughlin Levrone, a campeã olímpica Marileidy Paulino e a campeã mundial de 2019, Salwa Eid Naser. A disputa também não decepcionou, com apenas 0,41 de diferença entre as três medalhistas.

McLaughlin-Levrone conseguiu segurar Paulino, cruzando a linha de chegada em 47s78, quebrando o recorde continental de Paulino e assumindo o segundo lugar na lista mundial de todos os tempos. Paulino ficou com a prata e foi recompensada com um recorde pessoal de 47s98, marcando a primeira vez que duas mulheres quebraram a marca de 48 segundos em uma corrida. Naser levou o bronze com 48s19.

Collen Kebinatshipi mostrou que o seu recorde pessoal nas semifinais não foi um acaso, indo ainda mais rápido para ganhar o título masculino dos 400m em Tóquio.

Ele quebrou o recorde nacional de 43,53, vencendo os 400 m e consolidando sua posição na 10ª posição na lista de melhores atletas de todos os tempos. Ele superou Jereem Richards, de Trinidad e Tobago, que soma a prata nos 400 m com um recorde nacional de 43,72 ao bronze nos 200 m conquistado em Londres em 2017.

Bayapo Ndori se juntou ao seu compatriota Kebinatshipi no pódio, conquistando o bronze para Botsuana com 44,20.

Treze anos depois de sua ascensão ao cenário internacional com sua surpreendente vitória olímpica em 2012, Keshorn Walcott, de Trinidad e Tobago, conquistou seu segundo título mundial no lançamento de dardo masculino com 88,16 m.

Sua vitória em Tóquio na quinta-feira (18) não foi tão surpreendente quanto seu triunfo olímpico há mais de uma década, mas ainda assim foi inesperada. Ele assumiu a liderança na segunda rodada com 87,83 m e, em seguida, arremessou mais longe na quarta rodada com 88,16 m.

O bicampeão mundial Anderson Peters conquistou a prata com seu lançamento de 87,38 m na segunda rodada, e o americano Curtis Thompson conquistou um bronze surpreendente com 86,67 m.

O líder mundial Julian Weber ficou em quinto lugar (86,11 m), o atual campeão Neeraj Chopra ficou em oitavo (84,03 m) e o campeão olímpico Arshad Nadeem ficou em décimo (82,75 m).

Leyanis Perez Hernandez alcançou a melhor marca do ano ao somar o título mundial de salto triplo outdoor ao seu ouro mundial indoor no Campeonato Mundial de Atletismo Tóquio 25 nesta quinta-feira (18).

A cubana de 23 anos saltou 14,94 m — um centímetro a mais do que seu salto vencedor do título mundial indoor em Nanquim em março — para vencer à frente da campeã olímpica dominicana Thea LaFond com 14,89 m.

A tetracampeã deste título, a recordista mundial venezuelana Yulimar Rojas, conquistou o bronze com 14,76 m em seu retorno após lesão. A fase classificatória de terça-feira foi a sua primeira competição de salto triplo em exatamente dois anos.

Nas rodadas

O atual campeão, Noah Lyles, alcançou o melhor tempo mundial em 19,51 – o tempo mais rápido da história em uma semifinal – e garantiu vaga na final dos 200m masculino. O jamaicano Bryan Levell venceu a segunda semifinal com 19,78, terminando à frente do campeão olímpico Letsile Tebogo (19,95).

A atual campeã Shericka Jackson (21,99) e a vencedora dos 100 m Melissa Jefferson-Wooden (22,20) foram as mais rápidas na classificação para a final dos 200 m femininos. Todas as quatro integrantes da equipe dos EUA avançaram para a final.

O atual campeão Marco Arop e o campeão olímpico Emmanuel Wanyonyi classificaram-se para a final dos 800 m masculino, mas as corridas mais surpreendentes nas semifinais vieram do irlandês Cian McPhillips e do espanhol Mohamed Attaoui, que correram 1.43,18 para vencer as respetivas corridas.

A dupla queniana Beatrice Chebet e Faith Kipyegon, vencedoras dos 10.000 m e 1.500 m respetivamente nestes campeonatos, classificou-se para os 5.000 m com relativa facilidade. Chebet venceu sua bateria, enquanto Kipyegon cruzou a linha de chegada na segunda bateria, seguida por Gudaf Tsegay.

Todas as favoritas do pré-evento também avançaram para a final no salto em altura feminino, incluindo Yaroslava Mahuchikh, Nicola Olyslagers, Eleanor Patterson e Morgan Lake.

Alguns nomes notáveis ​​não avançaram nas eliminatórias dos 800 m femininos. A campeã mundial indoor Prudence Sekgodiso se lesionou em sua eliminatória. Momentos antes, a australiana Jessica Hull sofreu uma queda, ficando fora da disputa. A queniana Lilian Odira liderou a prova com 1:57.86, enquanto a campeã olímpica Keely Hodgkinson e a campeã da Diamond League Audrey Werro também avançaram com facilidade.

Medalhas

Até esta quinta-feira, os Estados Unidos da América seguem na liderança, com 12 medalhas (8 de ouro, 1 de prata e 2 de bronze); seguido do Quénia, com 7 (4-1-2); Canadá, com 3 (3-0-0-); Nova Zelândia, com 2 (2-0-0); Jamaica, com 6 (1-4-1), estando Portugal no 11º lugar, com a medalha de ouro alcançada por Isaac Nader. Esta sexta-feira a configuração pode mudar com a presença de Pedro Pablo Pichardo na final do triplo salto, em 42 países que conquistaram medalhas.

 

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