Estrategicamente focado, tecnicamente quase perfeito, querer e criar mais uma história para a história do desporto de Portugal, Pedro Pablo Pichardo conquistou a segunda medalha de ouro, em mundiais (repetindo o triunfo em 2022, no Oregon) coisa única até agora, de si inolvidável e incomensurável!
Foi assim, ao cair do pano da antepenúltima sessão do mundial de atletismo, esta sexta-feira – 19 de setembro de 2025 – em Tóquio, que o campeão português respondeu ao salto em que o segundo classificado o ultrapassou, saltando para um 17,91, tornando-se o melhor do mundo na presente época, que ora termina.
“Sugoy”, palavra japonesa que faz parte do mote dos Mundiais e que quer dizer, incrível. Pedro Pichardo, por sorteio, era quem abria o concurso e começou com um salto de 17,07 metros. Depois dele, talvez o seu maior opositor, o italiano campeão mundial de pista coberta, Andy Diaz Hernandez, que fez um salto nulo. Depois o cubano Lazaro Martinez saltou 17,16 m e estava visto outro candidato, tal como o argelino Yasser Triki (17,25 m).
Na segunda ronda, Pichardo já fez um salto ao seu nível e alcançou os 17,55 metros, marca que repetiu na terceira ronda, depois de ter visto Lázaro Martinez saltar 17,49 m. Na quarta ronda, ninguém melhorou e Pichardo saltou 17,36 m.
Na última ronda, o italiano Andrea Dalavalle saltou 17,64 m (recorde pessoal), começou a saborear o ouro, mas Pedro Pichardo, no último ensaio (depois de ter prescindido no quinto ensaio) saltou… 17,91 metros, melhor marca mundial do ano!
Com este resultado, Pichardo tornou-se o primeiro bicampeão mundial da história do atletismo português e, iguala o feito de Jonathan Edwards (1995 e 2001), ficando ambos atrás de Christian Taylor, que soma quatro títulos (2011, 2015, 2017 e 2019).
Assim, nesta edição de 2025, Portugal iguala o feito de 1995, em Gotemburgo, quando Fernanda Ribeiro (10000 metros) e Manuela Machado (maratona) conquistaram duas medalhas de ouro.
Pichardo confessou que “o triunfo foi arrancado do coração. Abdiquei do quinto ensaio e em princípio iria abdicar do sexto ensaio. Logo que o italiano saltou, quando ouvi o barulho, levantei-me rápido e fui calçar os meus “bicos”. Ainda tinha energia, só que pensava que já estava ganho. Tenho de agradecer ao atleta da Itália, que foi ele que fez com que saísse aquele salto, foi ele que puxou por mim. Se não fosse ele teria ficado pelos 17,55”.
Apesar do pouco tempo de treino, Pichardo “sabia que estava bem, não sabia que tinha tanta energia para saltar tão longe (mais uma vez acima dos 17,90 metros, é o atleta que mais vezes passou essa distância em todo o mundo). A preparação não tem sido muito boa. Tenho de agradecer ao meu pai por me ter dado essa energia”.
“Não sabia que era o primeiro português a ganhar dois títulos mundiais. Não costumo reparar nisso nem fazer comparações. Fico contente por isso”.
Acrescentou ainda que “no ano passado, o meu pai e a minha mãe puxaram-me as orelhas para eu não me aposentar, por isso agradeço-lhes porque foram eles que fizeram com que ficasse mais esse ano. Por enquanto estamos aqui, mas os meus pais e a minha esposa serão fundamentais para a minha decisão”, tendo aproveitado para “agradecer aos portugueses todo o apoio que foram transmitindo e a quem o viu a chegar ao título”.
Tal como há dois dias, em nota publicada na página da Presidência da República, “o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa saúda vivamente Pedro Pichardo pelo notável triunfo e conquista da medalha de ouro do Triplo Salto, nos Campeonatos do Mundo de Atletismo que se realizam em Tóquio, no Japão, em mais uma enorme demonstração da sua dedicação e perseverança desportiva. Num concurso repleto de emoção, o atleta nacional, com um memorável e extraordinário salto, “voou” para o lugar mais alto do pódio, tornando-se o primeiro português bicampeão mundial de atletismo, deixando o Presidente da República e todos os portugueses orgulhosos com a sua vitória”.
Mais portugueses neste sábado
Na prova dos 20 km Marcha (feminino), realizada pelas 23h30 de ontem, sexta-feira, Vitória Oliveira obteve o 28º lugar (entre as 48 participantes, com cinco desistências e duas desqualificações), tendo cumprido a distância no bom tempo de 1.33.02, muito perto do recorde pessoal (1.32.22).
Pelas duas horas da madrugada, Auriol Dongmo, Jessica Inchude, Eliana Bandeira estiveram na qualificação do lançamento do peso.
Caso passem à final (alcançarem os 19,20 metros ou ficar nas 12 primeiras), a discussão das medalhas iniciar-se-á pelas 11h54 deste sábado.
Pelas 02h35, Emanuel Sousa estreia uma presença portuguesa na qualificação do lançamento do disco, sendo necessário lançar 66,50 metros ou ficar nos 12 primeiros para chegar à final.
Pelas 11h35, será a vez de outra estreia, a seleção masculina nos 4×400 metros.
Portugal em quarto lugar nas Medalhas
Até esta sexta-feira, os Estados Unidos da América enriqueceram mais o seu palmarés, ao conquistarem 17 medalhas (11 de ouro, 3 de prata e 3 de bronze); seguido do Quénia, com 7 (4-1-2); Canadá, com 3 (3-0-0-); com a Nova Zelândia, Portugal e Espanha empatados no quarto lugar, com 2 (2-0-0).
Só estes seis países é que alcançaram um mínimo de duas de ouro, entre os 44 que também conseguiram medalhas.
Lotações esgotadas no Estádio Nacional de Tóquio
O 7º dia do Campeonato Mundial de Atletismo Tóquio 25 viu mais uma vez o Estádio Nacional do Japão lotado de torcedores do mundo todo. A energia, a emoção e o espírito global do campeonato estavam em plena exibição, destacando por que o WCH Tóquio 25 é um palco como nenhum outro.
A sessão desta sexta-feira estabeleceu um novo recorde de público para o evento, superando o recorde anterior de 57.528 registado no segundo dia, fixando-se em 58.643.
Após este emocionante acontecimento, a WCH Tokyo 25 anunciou que os ingressos para as sessões noturnas deste sábado e de domingo já estão esgotados, não havendo ingressos disponíveis nem no site oficial de venda de ingressos nem na bilheteria do Estádio Nacional do Japão.
Situação que a organização agradeceu, “estando profundamente gratos às dezenas de milhares de fãs cujo apoio apaixonado criou uma atmosfera extraordinária dentro do Estádio Nacional do Japão”.