Bem se pode dizer que a estafeta portuguesa dos 4×400 metros como que foi abençoada depois de ser ouvido o Hino Nacional (pela segunda vez) na consagração da segunda medalha de ouro alcançada pela seleção nacional, conquistada pelo fabuloso Pedro Pablo Pichardo, com o melhor resultado mundial (17,91) de 2025.
Na oportunidade “ouvir “A Portuguesa” é muito bom, muito bonito. Levamos o nosso hino e o nosso país ao lugar mais alto do pódio e em qualquer parte do Mundo somos reconhecidos. É uma honra muito grande para mim”, referiu o campeão mundial Pedro Pichardo.
Sendo campeão olímpico, duas vezes campeão do Mundo, campeão Europeu e recordista nacional, Pichardo, quando a ser o melhor, disse que “não sei, são muitos desportos diferentes, é claro se me perguntam a mim, vou dizer que sou, agora essa é uma opinião do povo e das instituições competentes que devem fazer essa avaliação, embora ache que o povo português ainda não me acha muito esse tipo de atleta. Não sei se tem a ver com a modalidade que faço, ou se pensam que ainda não sou cem por cento português, mas não sei”.
E embora Pedro Pichardo ainda não queira adiantar muito, o pai e treinador, Jorge Pichardo, admite a sua presença nos Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028. “Nós sempre dizemos que fazemos o que for preciso para competir e para ganhar”, confessando que ainda não conseguiu dormir muito bem, face a tantas mensagens que ele e Pedro Pichardo foram recebendo ao longo da noite (ainda dia em Portugal).
Neste sábado, também de alto alcance desportivo, coube ao quarteto português (Pedro Afonso, Ericsson Tavares, João Coelho e Omar ELkhatib) participar nas meias-finais dos 4×400 metros, que correu que “se dealmou”, para bater o recorde nacional com um tempo, pela primeira vez, abaixo dos três minutos (2.59,70) e a passagem à final!
Numa meia-final recheada de “tubarões”, Portugal soube dar conta de si e mostrou que a melhor geração de sempre de quatrocentistas está aqui. Pedro Afonso fez uma excelente partida e passou o testemunho para Ericsson Tavares, que aguentou a posição antes da passagem para João Coelho, que veio da pista 1 para a 5 para entregar o testemunho a Omar Elkhatib. Este, muito competitivo, esteve em luta com o brasileiro Allison dos Santos (vice-campeão mundial dos 400 m barreiras), que obrigou o português a vir para as pistas de fora.
No final, a marca de 2.59,70 apareceu no ecrã, assinalando o recorde nacional (o anterior – 3.01,78 -, fora obtido já este ano) e o sétimo lugar.
Foi quando estavam na zona mista que os portugueses se aperceberam de que a Austrália e o Brasil foram desclassificados e, subindo uma posição, Portugal entra nas duas equipas mais rápidas da repescagem e o acesso à final foi garantido.
“Falo por toda a gente, estou muito emocionado, isto foi um sonho realizado por todos os que estamos aqui, somos finalistas. Não tenho muitas palavras, lutámos muito, tirámos dois segundos da nossa marca, quero agradecer ao Ricardo dos Santos, que faz parte desta equipa e ao professor Vitor [Zabumba], foi uma corrida incrível, acho que posso dizer que foi o melhor momento da nossa vida e amanhã vai ser o nosso dia outra vez”, afirmou João Coelho, “porta-voz” do quarteto, que ainda estava a tentar absorver o acontecido.
Por isso, anuiu e agradeceu a aposta na estafeta de 4×400 metros, salientando que “temos correspondido, ao longo dos anos, cada vez que temos oportunidades de competir, surpreendendo pela positiva e temos a certeza de que iremos melhorar ainda mais esta marca que já é da elite mundial”, concluiu João Coelho. De facto, esta marca deixa Portugal na lista das nove melhores formações do ano na distância.
A final dos 4×400 metros masculinos será neste domingo, último dia de provas, com partida marcada para as 12h20 (hora portuguesa), com Portugal a defrontar as equipas do Botsuana (que registou o melhor tempo na qualificação), Bélgica, Inglaterra, África do Sul, Jamaica, Japão e Catar.
Marcha na média, mas lançadores e lançadoras ficaram pela qualificação
A primeira a entrar em prova neste sábado foi Vitória Oliveira, na final dos 20 km marcha. Tendo começado com a 40ª marca entre as concorrentes, a melhor atleta portuguesa do ano terminou em 28º lugar, chegando à meta em 1h33m02s.
No final, Vitória Oliveira confessou que “este é o meu terceiro campeonato do Mundo. É sempre um prazer e uma honra vestir a camisola da seleção nacional, tenho muito orgulho nisso. Cheguei com a 40ª marca e saio em 28º lugar, com a minha melhor marca em competições internacionais”.
Acrescentou que “não é um recorde pessoal, apesar da temperatura ser mais baixa que nos últimos dias, mas a humidade é mais elevada, isso não me ajudou, tornou o corpo mais pesado e a respiração mais difícil, ainda assim vou daqui bastante satisfeita”.
No lançamento do peso, nenhuma portuguesa conseguiu o almejado acesso à final. No grupo A, Eliana Bandeira terminou no nono lugar, alcançando os 17,75 metros (17ª entre 35 atletas), enquanto Auriol Dongmo, com 17,53 metros, foi 20ª e Jessica Inchude foi 18ª classificada, com 17,69 metros.
No final da sua competição, Eliana Bandeira sentiu-se “grata por estar aqui, foi uma boa temporada, mas aqui, efetivamente, não deu. O meu objetivo era chegar à final, sinto que já tenho capacidade e marca para alcançar esses objetivos. Tentei tudo no primeiro ensaio”, afirmou, confessando que o “outro objetivo que tinha era terminar entre as 16 primeiras, se não conseguisse ir à final. Ter ficado de fora por um lugar ou dois centímetros também me deixa um pouquinho desapontada, mas estamos cá para lutar e trabalhar”.
Jessica Inchude saiu triste de Tóquio. “Foi o possível fazer com as limitações das últimas semanas. Tentei tudo no primeiro ensaio, mas não saiu bem. No segundo ensaio, senti de novo uma dor na mão, uma lesão que me tem apoquentado nas últimas semanas. Trabalhamos muito para estar bem e quando temos um problema, já nada corre bem», afirmou.
«Desanimada” sai de Tóquio Auriol Dongmo, que referiu “não estava a cem por cento e isso mexe comigo. Ainda assim tentei dar o máximo no início, mas nunca me senti em condições de competir, senti sempre o corpo mole. Saio desanimada porque esta é a primeira final que não consigo alcançar em toda a minha carreira desportiva”, acrescentando que, quanto ao futuro, vou ter de analisar este resultado e ponderar bem o que vamos fazer”.
O destino não foi diferente para Emanuel Sousa, que foi 34º classificado (entre 37 participantes) na qualificação do lançamento do disco, com 56,97 metros, obtida no terceiro e último ensaio.
“Não deu. No segundo ensaio o disco escorregou da mão, com a humidade o magnésio não servia para muito, mas não há desculpas. Não consegui melhor”, afirmou.
Ainda assim é relevante o facto de ter sido o primeiro português a estar qualificado para os campeonatos Mundiais. “Este é todo um processo de aprendizagem e daqui por dois anos estaremos em Pequim. Espero que a lutar pela final”, finalizou.
Portugal em sétimo lugar nas Medalhas
O penúltimo dia dos mundiais de Tóquio, terminou com os Estados Unidos da América ao aumentar o volume de medalhas conquistadas, somando 20 medalhas (12 de ouro, 4 de prata e 4 de bronze); seguido do Quénia, com 10 (6-2-2); Canadá, com 4 (3-0-1-); Países Baixos, com 4 (2-2-0); Nova Zelândia e Espanha, com 3 (2-0-1) e Portugal, com 2 (2-0-0), confirmando os únicos sete países que conquistaram um mínimo de duas medalhas de ouro, o que é uma excelente montra para Portugal.
No momento, 46 países conseguiram medalhas.